sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

PINEAL, A MORADA DA ALMA? - Saindo da Matrix


seg, 27 de fevereiro, 2006
O físico Erwin Schrödinger, no epílogo do seu livro "O Que é a Vida?", fez uma inferência interessante, a partir de um postulado simples: "EU sou a pessoa - se é que existe alguma - que controla o movimento dos átomos, de acordo com as Leis da Natureza." Sim, porque você não é a soma de seus átomos (em apenas um ano 98% de seus átomos são trocados por outros!) e, assim, também não pode ser seu cérebro. Acreditava-se também que o cérebro funcionasse como a CPU (processador) dos computadores, de forma rígida e mecanicista, mas ele também é inteligente, no sentido de procurar rotas neuronais alternativas para cumprir a função que ficou prejudicada, e novos neurônios estão nascendo o tempo todo, ao contrário do que acreditavam os cientistas até alguns anos atrás. Aliás, sobre esse assunto, quando o escritor espiritual (e ex-médico) André Luiz nos fala da estreita relação existente entre os neurônios e o perispírito no livro "Evolução em dois mundos" cap. IX, ele escreve algo que pode ser interpretado dubiamente: "Os neurônios nascem e se renovam, milhões de vezes, no plano físico e no plano extrafísico, na estruturação de cérebros experimentais, com mais vivos e mais amplos ingredientes do corpo espiritual, quando em função nos tecidos físicos, até que se ergam em unidades morfológicas definitivas do sistema nervoso". Estaria ele falando da gênese de um sistema nervoso definitivo, ou da contínua evolução de suas unidades no decorrer da vida? Gostaria que estudiosos desse de André Luiz colaborassem nesse tópico.

Ainda assim, nós não somos nossos neurônios. Então, o que somos? Onde está nossa alma? O filósofo René Descartes defendia a tese de ela estaria na glândula pineal, e explica:
"A razão que me leva a crer seja essa glândula a sede da alma é não encontrar, em todo o cérebro, nenhuma outra parte que não seja dupla. Ora, não vendo senão uma única cousa com os dois olhos, não ouvindo senão um mesmo som com os dois ouvidos, e, enfim, não tendo nunca senão um pensamento ao mesmo tempo, é absolutamente necessário que as impressões, que nos chegam através dos olhos, dos ouvidos, etc., se unam em alguma parte do corpo para serem aí consideradas pela alma. (...) Ora, não podemos encontrar nenhuma outra nestas condições, em toda a cabeça, senão a glândula pineal, que se acha, além do mais na situação mais adequada para esse fim, isto é, no meio, entre todas as concavidades, sustentada e cercada por pequenas ramificações das carótidas, que trazem os espíritos ao cérebro."

Alma na pineal? Já imaginou o toda a essência humana contida numa glândula do tamanho de um feijão? Passemos adiante, ainda no campo da filosofia, desta vez espírita, na questão 146 de O Livro dos Espíritos:
"A alma tem, no corpo, uma sede determinada e circunscrita?
— Não. Mas ela se situa mais particularmente na cabeça, entre os grandes gênios e todos aqueles que usam bastante o pensamento e no coração dos que sentem bastante, dedicando todas as suas ações à Humanidade."

Ou seja, até possui uma área de influência maior no corpo em certas áreas de interesse do espírito. Mas daí a se situar no corpo vai longe...

Só que a pineal teima em aparecer em outras culturas, com grande importância: Na filosofia hindu, o sexto chakra, Ajna, está localizado um pouco acima dos olhos, entre as sobrancelhas (ponto conhecido como bhrumadhya). É simbolizado por um olho - o tão falado "terceiro olho" - que seria o olho da mente. Quando este chakra é estimulado e desenvolvido, ou seja, quando o olho é "aberto" através de mantras e meditações, é revelada uma nova dimensão da realidade para o praticante. Estudiosos ocidentais encararam isso como uma metáfora poética e nada mais.

Até que, em meados do século 19, quando o território da Austrália começou a ser explorado, um réptil nativo chamou a atenção dos pesquisadores, o Tuatara (Sphenodon punctatum). Este animal tem, em adição aos seus dois olhos, um terceiro encrustrado no crânio, revelado apenas por um pequeno orifício coberto por uma membrana, possui uma retina e uma conexão nervosa com a pineal, mas cientistas disseram que não possui funcionalidade, já que não possui conexão com o cérebro. A presença desse terceiro olho é um desafio para os cientistas, já que quase todos os vertebrados possuem uma estrutura homóloga no centro do crânio, seja répteis, peixes, pássaros e mamíferos. Essa estrutura é conhecida como a glândula pineal.

Essa glândula está situada no cérebro, entre os dois hemisférios. No embrião, a pineal começa a se formar como um verdadeiro olho, e depois é que degenera! Já está demonstrado que a glândula é sensível a luz, por conter fotorreceptores iguais aos presentes na retina dos olhos. Ela é um órgão cronobiológico, um relógio interno que capta as radiações do Sol e da Lua e dá ao organismo a referência de horário. Baseado nisso, ela produz o hormônio melatonina, que regula os instintos de acordar e dormir. Também produz naturalmente traços do químico dimetiltriptamina (ou DMT), que é alucinógeno (encontrado no chá Ayahuasca).

E qual a relação da pineal com o chakra Ajna? É que, na tradição da Yoga, o Ajna origina-se a partir da glândula pineal, muito embora a Teosofia, através do livro Os Chakras, de Leadbeater, fale que na maioria dos indivíduos o vórtice dos Chakras Coronário e Ajna convergem para a glândula pituitária, mas em alguns casos (médiuns? sensitivos?) o Coronário se inclina até a pineal, como mostra o desenho ao lado, mas não o Ajna. Confusão estabelecida, consultei Lázaro, da lista Voadores, e obtive a resposta: "a relação dos chakras com glândulas é, segundo conhecimentos mais recentes, e médicos espiritualistas de alto discernimento, uma relação simbólica, por equivalência de funcionalidade. E ainda assim indireta, uma vez que os chakras se ligariam aos plexos, e estes sim às glândulas endócrinas". Então, ao meu ver, parece ser uma questão de discutir o sexo dos anjos, já que a coisa toda é metafísica, energética, e não física. Seja como for, pra explicar de uma forma didática e prática, o Ajna atua sobre a glândula HIPÓFISE (pituitária, embaixo), enquanto o Coronário atua sobre a glândula EPÍFISE (pineal, em cima).

Ainda assim, não se pode negar uma clara relação do chakra Ajna com a pineal, como pudemos observar no caso de Hira Ratan Manek, que não se alimenta há mais de 7 anos e obtém energia através da estimulação da pineal com raios solares, através da retina, mas que também sugere para se abastecer de energia apenas o uso do terceiro olho (Ajna).

Na Yoga, os nadis Ida e Pingala se encontram no centro da testa, que é a morada da alma (Atman). Para representar a importância deste ponto, os hindus usam o Tilaka, um símbolo que pode ter diferentes formas e significados. Os Vaishnavites (seguidores de Vishnu) usam uma marca em forma de U neste ponto, chamada de Urdhva-pundra, já os seguidores de Shiva usam o Shaivite Tripundra tilak, composto por três linhas horizontais, símbolo este que até mesmo o Papa João Paulo II se permitiu receber em sua testa. Já as mulheres casadas usam o Bindi, uma pintura em forma de ponto, que tem um sentido espiritual, tradicional e também decorativo. Hoje em dia já virou moda, e é usado por mulheres casadas ou não, geralmente como um pingente auto-adesivo.

Na Seicho-no-ie diz-se que o terceiro olho é o centro da divina compreensão e divina imaginação, e que, quando em perfeita atividade, permite a visão de planos superiores (a chamada clarividência) e o acesso de acontecimentos do presente/passado/futuro. Dá acesso também ao que denominamos de intuição, percepção e ainda à temperança, à abstinência, à dignidade, à veneração, a sentimentos delicados, à inteligência e ao discernimento.

Os Taoístas dizem que depois que a criança sai do útero, o espírito primal começa a residir justamente no terceiro olho, "Olho Celestial"!

Já a medicina chinesa não considera o cérebro a sede da alma e do espírito, e sim cada célula do corpo, assim como o campo magnético do organismo. O órgão Yin do Fogo, o Coração, é considerado o centro da consciência, do sentir e do pensar. No coração manda Shin, o espírito do Fogo. O ideograma chinês Shin pode ser traduzido como "espírito", "alma", "Deus", "divino" e "eficácia". Quando dizemos que alguém tem "espírito", refletimos o significado desse ideograma. Shin tem duas residências: A residência de baixo é o coração, a partir de onde se encarrega de equilibrar os sentimentos e de favorecer uma maneira de falar sincera. Sua residência de cima é o terceiro olho, ou o chacra da frente, onde cria clareza de pensamentos e consciência no modo de viver. Quando essas faculdades são encontradas numa pessoa, seu Shin está cheio de força e saúde. Isso se vê no brilho e na luz de seus olhos.

Uma fantástica semelhança com o que está na Codificação Espírita...

Tais coincidências não passaram desapercebidas aos cientistas. Obras de André Luiz, em especial o livro Missionários da Luz, escrito em 1945, atraem a curiosidade dos estudiosos por conter descrições detalhadas da maquinaria humana interagindo com o mundo espiritual. No capítulo 1 do livro psicografado por Chico Xavier vemos que a pineal é claramente citada como o centro da mediunidade:

"- Observe. Estamos diante de um médium de psicografia comum. Antes do trabalho a que se submete, nossos auxiliares já prepararam seus potenciais para que não tenha a saúde física perturbada. O trabalho de transmissão da mensagem não será simplesmente 'tomar a mão'. Há outros processos complexos envolvidos.

E, diante de minha profunda curiosidade científica, Alexandre aplicou-me suas energias magnéticas e passei a ver, no corpo do médium, um grande laboratório de forças vibratórias. Meu poder de visão era superior ao dos raios X. As glândulas do rapaz transformaram-se em pontos luminosos, como pequenas usinas elétricas, mas preferi me deter para observar melhor o cérebro, em particular. Os condutores da medula pareciam um pavio longo, carregando a luz mental, como chama de uma vela enorme. Os centros metabólicos me surpreendiam. O cérebro apresentava brilho em seus desenhos. Os lobos cerebrais pareciam correntes dinâmicas. As células corticais e as fibras nervosas, com suas ramificações finíssimas, formavam delicado conjunto de condutores das energias mais profundas e desconhecidas. Nesse processo, sob a luz mental sem definição, a pineal emitia raios azulados e intensos.
- Percebeu o mecanismo? - perguntou Alexandre, interrompendo meu deslumbramento. - Transmitir mensagens de um plano para outro, no serviço de orientação humana - continuou - exige esforço, boa vontade, cooperação e propósito justo. É claro que o treinamento e a colaboração espontânea do médium facilitam o trabalho, mas, seja como for, o processo não é automático. Requer muito conhecimento, oportunidade e consciência.
- (...)Estamos observando as particularidades do perispírito. Você pode perceber agora que todo corpo glandular é uma central elétrica. No exercício de qualquer tipo de mediunidade a pineal desempenha o papel mais importante. É no equilíbrio de suas forças que a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios característicos do nosso plano. E é nela que encontramos o novo sentido dos homens, embora ainda adormecida na maioria deles.

Percebi que, de fato, a glândula pineal do médium emitia luz cada vez mais intensa."

Há ainda um outro trecho mais longo onde André Luiz se detém especificamente na Pineal. Poderíamos então deduzir que a pineal seria a porta de entrada do espírito? Afinal, se ela se conecta a um espírito (que não o nosso) pra permitir a incorporação, por que não é também o canal de comunicação do nosso próprio espírito com o corpo, que (agora sabemos) não é mais do que um veículo emprestado pela Mãe Terra? A resposta pode ser afirmativa, se encararmos a pineal como uma antena, e os outros sistemas do cérebro como o receptor responsável pela interpretação dos sinais. Vejamos o cap. X do livro "Mecanismos da Mediunidade", do mesmo autor: "...A corrente mental (...) vibra, ainda (...) no conjunto talâmico e hipotalâmico, em que se mecanizam os reflexos do Espírito". Fantástica definição.

Seria a mediunidade, de fato, um atributo biológico e não um conceito religioso, como postulou Allan Kardec? Foi pra responder a essa pergunta que o psiquiatra e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo, dr. Sérgio Felipe de Oliveira, diretor-clínico do Instituto Pineal Mind e diretor-presidente da AMESP (Associação Médico-Espírita de São Paulo), voltou seu interesse ao estudo da pineal e sua relação com a mediunidade. Vejamos agora trechos da entrevista publicada pela Revista Espiritismo & Ciência, volume 3:

Quando surgiu seu interesse no aprofundamento do estudo da pineal?
Foi por volta de 1979/80, quando eu estava estudando a obra de André Luiz, psicografada por Chico Xavier. Em Missionários da Luz, a pineal é claramente citada. Nesta mesma época, eu já pleiteava o curso de Medicina. No colégio, estudando Filosofia, fiquei impressionado com a obra de Descartes, que dizia que a alma se ligava ao corpo pela pineal. Quando entrei na faculdade, corri atrás destas questões, do espiritual, da alma e de como isso se integra ao corpo.

A glândula pineal seria resquício de algum órgão que está se atrofiando, ou estaria ligada a uma capacidade psíquica a ser desenvolvida?
Eu acredito que a pineal evoluiu de um órgão fotorreceptor para um órgão neuroendócrino. A pineal não explica integralmente o fenômeno mediúnico, como simplesmente os olhos não explicam a visão. Você pode ter os olhos perfeitos, mas não ter a área cerebral que interprete aquela imagem. É como um computador: você pode ter todos os programas em ordem, mas se a tela não funciona, você não vê nada. A pineal, no que diz respeito à mediunidade, capta o campo eletromagnético, impregnado de informações, como se fosse um telefone celular. Mas tudo isso tem que ser interpretado em áreas cerebrais, como por exemplo, o córtex frontal. Um papagaio tem a pineal, mas não vai receber um espírito, porque ele não tem uma área no cérebro que lhe permita fazer um julgamento. A mediunidade está ligada a uma questão de senso-percepção. Então, a ela não basta a existência da glândula pineal, mas sim, todo o cone que vai até o córtex frontal, que é onde você faz a crítica daquilo que absorve. A mediunidade é uma função de senso (captar)-percepção (faz a crítica do que está acontecendo). Então, a mediunidade é uma função humana.

A pineal converte ondas eletromagnéticas em estímulos neuroquímicos? Isso é comprovado cientificamente?
Sim, isso é comprovado. Quem provou isso foram os cientistas Vollrath e Semm, que têm artigos publicados na revista científica Nature, de 1988.

A parapsicologia diz que estes campos eletromagnéticos podem afetar a mente humana. O dr. Michael Persinger, da Laurentian University, no Canadá, fez experiências com um capacete que emite ondas eletromagnéticas nos lobos temporais. As pessoas submetidas a essas experiências teriam tido "visões" e sentiram presenças espirituais. O dr. Persinger atribui esses fenômenos à influência dessas ondas eletromagnéticas. O que o senhor teria a dizer sobre isso?
Veja, o espiritual age pelo campo eletromagnético. Então, dizer que este campo interfere no cérebro não contraria a hipótese de uma influência espiritual. Porque, se há uma interferência espiritual, esta se dá justamente pelo campo eletromagnético. Quando se fala do espiritual, em Deus, a interferência acontece na natureza pelas leis da própria natureza. Se o campo magnético interfere no cérebro, a espiritualidade interfere no cérebro PELO campo magnético. Uma coisa não anula a outra. Pelo contrário, complementam-se.

A mediunidade seria atributo biológico e não um conceito religioso? Existe uma controvérsia no meio científico a esse respeito?
A mediunidade é um atributo biológico, acredito, que acontece pelo funcionamento da pineal, que capta o campo eletromagnético, através do qual a espiritualidade interfere. Não só no espiritismo, mas em qualquer expressão de religiosidade, ativa-se a mediunidade, que é uma ligação com o mundo espiritual. Um hindu, um católico, um judeu ou um protestante que estiver fazendo uma prece, está ativando sua capacidade de sintonizar com um plano espiritual. Isso é o que se chama mediunidade, que é intermediar. Então, isso não é uma bandeira religiosa, mas uma função natural, existente em todas as religiões. E isso deve acontecer através do campo magnético, sem dúvida. Se a espiritualidade interfere, é pelo campo eletromagnético, que depois é convertido, pela pineal, em estímulos eletroneuroquímicos. Não existe controvérsia entre ciência e espiritualidade, porque a ciência não nega a vida após a morte. Não nega a mediunidade. Não nega a existência do espírito. Também não há uma prova final de que tudo isto existe. Não existe oposição entre o espiritual e o científico. Você pode abordar o espiritual com metodologia científica, e o espiritismo sempre vai optar pela ciência. Essa é uma condição precípua do pensamento espírita. Os cientistas materialistas que disserem "esta é minha opinião pessoal", estarão sendo coerentes. Mas se disserem que a opção materialista é a opinião da ciência, estarão subvertendo aquilo que é a ciência. A American Medical Association, do Ministério da Saúde dos EUA, possui vários trabalhos publicados sobre mediunidade e a glândula pineal. O Hospital das Clínicas sempre teve tradição de pesquisas na área da espiritualidade e espiritismo. Isso não é muito divulgado pela imprensa, mas existe um grupo de psiquiatras lá defendendo teses sobre isso.

Como são feitas as experiências em laboratório?
Existem dois tipos: um, que é a experiência de pesquisa das estruturas do cérebro, responsáveis pela integração espírito/corpo; e outra, que é a pesquisa clínica, das pessoas em transe mediúnico. São testes de hormônios, eletroencefalogramas, tomografias, ressonância magnética, mapeamento cerebral, entre outros. A coleta de hormônios, por exemplo, pode ser feita enquanto o paciente está em estado de transe. E os resultados apresentam alterações significativas.

As alterações em exames de tomografia, por exemplo, são exclusivas ou condizentes com outras patologias? O senhor descarta a hipótese de uma crise convulsiva?
Isso é bem claro: a suspeita de uma interferência espiritual surge quando a alteração nos exames não justifica a dimensão ou a proporção dos sintomas. Por exemplo: o indivíduo tem uma crise convulsiva fortíssima, é feito o eletroencefalograma e aparece uma lesão pequena. Não há, então, uma coerência entre o que está acontecendo e o que o exame está mostrando.. A reação não é proporcional à causa. A mediunidade mexe com o sistema nervoso autônomo – descarga de adrenalina, aceleração do ritmo cardíaco, aumento da pressão arterial.

É verdade que a pineal se calcifica com a meia-idade? E essa calcificação prejudica a mediunidade?
Não, a pineal não se calcifica; ela forma cristais de apatita, e isso independe da idade. Estes cristais têm a ver com o perfil da função da glândula. Uma criança pode ter estes cristais na pineal em grande quantidade enquanto um adulto pode não ter nada. Percebemos, pelas pesquisas, que quando um adulto tem muito destes cristais na pineal, ele tem mais facilidade de seqüestrar o campo eletromagnético. Quando a pessoa tem muito desses cristais e sequestra esse campo magnético, esse campo chega num cristal e ele é repelido e rebatido pelos outros cristais, e este indivíduo então apresenta mais facilidade no fenômeno da incorporação. Ele incorpora o campo com as informações do universo mental de outrem. É possível visualizar estes cristais na tomografia. Observamos que quando o paciente tem muita facilidade de desdobramento, ele não apresenta estes cristais.

As crianças teriam mais sensibilidade mediúnica?
A mediunidade na criança é diferente da de um adulto. É uma mediunidade anímica, é de saída. Ela sai do corpo e entra em contato com o mundo espiritual.

A pineal pode ser estimulada com a entoação de mantras, como pregam os místicos?
A glândula está localizada em uma área cheia de líquido. Talvez o som desses mantras faça vibrar o líquido, provocando alguma reação na glândula. Os cristais também recebem influências de vibração. Deve vibrar o líquor, a glândula, alterando o metabolismo. Teria lógica.

Fale um pouco sobre seu trabalho à frente da AMESP e do Instituto Pineal Mind.
A AMESP é uma associação de utilidade pública que reúne médicos dedicados ao estudo da relação entre a medicina e a espiritualidade. O Pineal Mind é minha clínica, um instituto de saúde mental, onde fazemos pesquisas e atendemos psicoses, síndromes cerebrovasculares, ansiedades, depressão, psicoses infantis, uso de drogas e álcool. Temos um setor de psiconcologia (psicologia aplicada ao câncer) e estudamos também os aspectos psicossomáticos ligados à cardiologia, etc. Agora, particularmente nas pesquisas comportamentais, eu estudo os estados de transe e a mediunidade. Mas não pesquiso só a glândula pineal; ela é o que eu pesquiso no cérebro, interessado em entender a relação entre corpo e espírito.

O que é psicobiofísica?
É a ciência que integra a psicologia, a física e a biologia. Na biologia, estudamos o lobo frontal, responsável pela crítica da razão; mas o cérebro funciona eletricamente – aí entra a física, que serve de substrato para o pensamento crítico, que é o psicológico.

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Neste link há um acervo de vídeos do MEDINESP, o Congresso médico-espírita de São Paulo. Dentre eles recomendo a palestra "Glândula Pineal: Luz, Tempo e Comunicação", do dr. Sérgio Felipe que, além de tudo, é um ótimo palestrante. Há também uma entrevista dele ao programa Comando da Madrugada, onde ele acopla um médium a um eletroencefalograma, e então acompanha os padrões cerebrais dele antes e depois de incorporado. Obviamente os padrões se alteram, coisa que não dá pra "fingir". Já fizeram a mesma análise com Chico Xavier uma vez. A reportagem de uma revista nacional conseguiu fotocópia de um eletroencefalograma de Chico Xavier e submeteu-o ao exame de psiquiatras paulistanos, que chegaram a conclusão de que o médium é epilético. Só que o eletro fazia parte das pesquisas do próprio médico de Chico, o dr. Elias Barbosa, professor da Faculdade de Medicina de Uberaba, interessado em pesquisas sobre o transe mediúnico. O gráfico examinado e publicado referia-se apenas a um momento de pesquisas, justamente o que ele estava em transe mediúnico. Já os gráficos feitos com Chico em estado normal não acusavam alterações significativas das ondas cerebrais, ou seja, quando Chico entra (voluntariamente, diga-se) em transe mediúnico, o eletrencefalograma registra picos que se assemelham à epilepsia. Só que a epilepsia não é uma doença, e sim um sintoma. O que ali se verificava era um indício positivo daquilo que o professor Ernesto Bozzano considerava "a ação de uma mente não-encarnada sobre a mente encarnada do médium". Resumir o fenômeno a uma patologia é o equivalente a um parecer médico que diz apenas que "o paciente sofre de febre", quando a febre é apenas o resultado da luta do corpo contra uma ameaça, que pode ser virótica, bacteriana, ou outra coisa qualquer. O dr. Elias nos esclarece ainda que não há explicação definitiva para a causa das descargas de alta freqüência nos focos críticos de um paciente epilético típico, ou seja, não sabemos realmente o que causa a epilepsia, que pode até mesmo ter origem na mediunidade descontrolada!


Referência:
Da Glândula Pineal à Sensibilidade Espiritual (II);
O Poder dos Médiuns - A ciência comprova que o cérebro deles é diferente;
Ajna chakra 3rd eye (artigo interessante sobre a pineal, em inglês);
Blog espiritualizado (vários trechos dos livros de André Luiz sobre os mecanismos da mediunidade);
Face a face com Chico Xavier;
Osho: O momento atômico

Pineal - Uma Glândula Marcada para Morrer

Como fica a mediunidade de uma pessoa com tumor da pineal ?

Dr. Iso Jorge Teixeira

isojorge@globo.com
  

A glândula pineal  no Homem, a nosso ver,  possui pequeno peso anatômico, fisiológico e espiritual. Nos animais inferiores o seu peso fisiológico é maior, no hamster, por exemplo...



TUMOR DE PINEAL REMOVIDO CIRURGICAMENTE

O paciente do caso descrito abaixo, foi tratado cirurgicamente, por via suboccipital transtentorial, em posição semi-prona, sendo visibilizada lesão volumosa, de coloração rósea-amarelada, endurecida, bem diferenciada, que se estendia supra e infratentorialmente. Foi possível a exérese completa da lesão (Fig 2, acima).


No dia 04 de julho/2005 escreveu-nos o Cel. PAIVA:

“Irmão ISO, não sou doutor, isto é, médico. Porém, como jornalista, gosto de pesquisar e tenho muita coisa sobre glândula pineal. Estou enviando alguns artigos para o senhor. Responda-me: Quando as pessoas são acometidas de doenças irreversíveis na glândula pineal, se for médium como fica a sua mediunidade? Não me recordo o nome agora, mas uma grande figura humana desencarnou com uma doença na glândula pineal. Um abraço fraterno e muita paz. Fica com Deus.”

ANTONIO PAIVA RODRIGUES - Estudante de jornalismo – Cel. da PM R/R - Fortaleza - CE .

Logo em seguida respondemos ao confrade nos seguintes termos:

“Agradeço sua atenção em enviar os artigos sobre PINEAL.

          É bem possível que o Sr. não tenha lido meus artigos sobre PINEAL no Portal PANORAMA ESPÍRITA, onde sou COLUNISTA... Os links são:

DA GLÂNDULA PINEAL À SENSIBILIDADE ESPIRITUAL II-

http://www.panoramaespirita.com.br/colunas/iso_jorge/artigos/da_glandula_pineal_saude_espi.html e "Glândula Pineal e “cientificismo” esotérico - espiritual  Curas Espirituais, Indeterminação Quântica e Determinismo científico": http://www.panoramaespirita.com.br/colunas/iso_jorge/artigos/glandula_pineal_ecientificismoespiritual.html. Este último artigo foi publicado recentemente, também, no Portal TERRA ESPIRITUAL.

A sua pergunta, depois de ler nosso artigo, creio, terá a nossa resposta, ou seja, NÃO CONCORDO EM SE LOCALIZAR A MEDIUNIDADE, NEM A ALMA, EM UM LOCAL ESPECÍFICO DO CORPO. E O SR. DISSE-O BEM: COMO FICARIA A MEDIUNIDADE DE UMA PESSOA COM UM PINEALOMA OU SEM A PINEAL, he he he...”

Foi essa a resposta preliminar que fornecemos ao Cel. PAIVA, entretanto, gostaríamos de acrescentar que foi publicado um primeiro artigo nosso sobre a glândula PINEAL na revista UNIVERSO ESPÍRITA (Ano I, n.º 2, julho/2003, págs. 20-23), intitulado “DA GLÂNDULA PINEAL À SENSIBILIDADE ESPIRITUAL”  e a versão II foi publicada também no PORTAL DO ESPÍRITO.

Bem, vamos, então, voltar ao assunto; mas, desta vez, abordaremos o tema tentando responder à questão formulada pelo nosso ilustre leitor, também articulista, ampliando a nossa resposta, acima...

Doença irreversível da PINEAL. TUMORES  DA GLÂNDULA PINEAL

            Das doenças irreversíveis da glândula pineal podemos caracterizar como modelo, os TUMORES... Que são tumores?

            Um TUMOR é a massa anormal em qualquer parte do corpo. O termo significa um novo crescimento anormal, uma reprodução anárquica de novas células (neoplasia), que pode ser maligno (canceroso) ou benigno (não-canceroso).

            O tumor cerebral pode destruir diretamente o tecido ou, pelo fato do seu conteúdo não poder se expandir, porque o crânio é ósseo, duro, a pressão da massa tumoral ocasiona a hipertensão intracraniana, lesando assim áreas próximas e relativamente distantes da origem do tumor...

Como já vimos, em artigos anteriores, a glândula pineal localiza-se no meio do cérebro,  e controla os ritmos circadianos, isto é, o RELÓGIO BIOLÓGICO do organismo, especialmente o ciclo normal do estado de vigília e sono.

Alguns sintomas dos tumores de glândula pineal.  Incidência – Alguns dados estatísticos importantes.  Mediunidade?   Segundo o texto cedido pelo Laboratório Schering-Ploug e escrito pela Dra. Nasjila Saba da Silva, oncologista do Instituto de Oncologia  (cf. \Associação Brasileira do Câncer.htm), sobre tumores da pineal, “os principais sinais e sintomas desses tumores são cefaléia, vômitos, distúrbio visual. Esses sintomas são resultantes do aumento de pressão intracraniana obstruindo o fluxo liquórico do terceiro ventrículo. A Síndrome de Parinaud é típica de tumor da pineal (os olhos não conseguem olhar para cima, não se movem em conjunto e a pupila não tem acomodação). Quando o tumor envolve as áreas vizinhas ao hipotálamo, sintomas como perda visual, diabetes insipidus, puberdade precoce e aumento de peso podem estar presentes (neuroendocrinopatias).” Portanto, os tumores de pineal quase não apresentam sintomas específicos... A maioria dos sintomas é comum a TODOS os tumores cerebrais, o que denota, a nosso ver, a função secundária da pineal no HOMEM...

Os tumores da glândula pineal são relativamente RAROS, nisto concordam todos os autores. São mais comuns na infância, constituindo 2% de todos os tumores da criança. E de todos os tumores cerebrais sua incidência varia de 0,5 a 2,5% dos tumores intracranianos em adultos e 3 a 8% em crianças; portanto, são tumores mais freqüentes na infância...

            A revisão da literatura, demonstra apenas 9(nove) casos publicados de um tipo de tumor da  região pineal e deste nove casos, somente 1(um) caso no Brasil e este caso (o nono), de ganglioma da região pineal, foi relatado (cf. “Ganglioma da região da pineal”. WALTER JOSÉ FAGUNDES-PEREYA, CLARISSA DE SOUSA, GERVÁSIO TELES DER CARDOSO CARVALHO e ATOS ALVES DE SOUSA, publicado nos Arq. Neuro-Psiq., vol. 59, n º 3 A, São Paulo, SP, setembro/2001 e republicado na Internet)...

Podemos, então, concluir, sem medo de errar, que é extremamente difícil, senão impossível, afirmar-se que uma pessoa com tumor de glândula pineal, teria ou não sua mediunidade alterada, porque, em primeiro lugar, o pinealoma (tumor de pineal) é RARO, além disso, porque a maioria dos médicos é materialista, e pela dificuldade de afirmar-se a mediunidade de uma pessoa, especialmente na infância...

Logo, Cel. PAIVA, devemos ter muita precaução quando alguém afirmar que tem conhecimento de uma lesão irreversível da pineal e que seria médium, especialmente, em brasileiros, pois a casuística dessa pessoa ou será nula ou não terá valor estatístico, dentre outras dificuldades acima apontadas...

Relato de um caso de tumor benigno da glândula pineal. Os autores do trabalho sobre “ganglioma da glândula pineal”, acima referidos, assim resumem o relato do caso:

            “Trata-se de paciente de 14 anos, masculino, branco, com história de, aos seis anos de idade, ter iniciado quadro de cefaléia holocraniana, episódica, que aliviava com analgésicos convencionais. Dois meses antes da internação, houve piora da cefaléia, acompanhada de vômitos e crise convulsiva parcial simples na mão direita, com generalização secundária. Ao exame físico apresentava-se sonolento, com ataxia de tronco e apendicular bilateral, diplopia e papiledema bilateral. Foi submetido à tomografia computadorizada (TC) de crânio, que evidenciou lesão hiperdensa, hipercaptante, na região da glândula pineal, com extensão infratentorial e para o corno temporal do ventrículo lateral à esquerda, levando a hidrocefalia obstrutiva. O paciente foi submetido a derivação ventrículo-peritoneal, com melhora dos sintomas. Foi encaminhado à Santa Casa de Belo Horizonte para tratamento definitivo, apresentando-se consciente, orientado, com resposta verbal lenta, marcha oscilante e papiledema bilateral, além de discreta tetrahipertonia.

O prognóstico é bom, com sobrevida de mais de 5 anos em 89% e de 10 anos em 84%, sem recorrência, apenas com o tratamento cirúrgico. A recorrência chega a 16% nos supratentoriais”.

Como podemos observar, o jovem paciente não apresentou, nem antes nem depois da cirurgia, nenhum sintoma que fizesse suspeitar de manifestação dita mediúnica e, a nosso ver, se apresentasse, não teria nenhuma correlação com a glândula pineal, pois tal tese relacionando pineal e mediunidade não tem nenhuma sustentação doutrinária espírita, nem científico-natural, como já o reafirmamos alhures... Ou seja, a pergunta do Cel. PAIVA dá-nos oportunidade para trazer mais um subsídio, que demonstra não haver nenhuma correlação entre  mediunidade e glândula pineal, embora seja uma descrição de um só caso...

Concreções calcáreas ou corpore arenacea ou, ainda, “areia da pineal”

            Em artigos anteriores já fizemos as nossas críticas a determinado autor brasileiro, muito citado no meio espírita, como “pesquisador” da pineal... Gostaríamos de voltar ao tema relacionado à questão da existência de “apatita”, isto é, concreções calcáreas na glândula pineal... Vejamos o que nos dizem no site de NEUROIMAGEM da UNICAMP:

            “Concreções calcáreas ou corpore arenacea aumentam em número com a idade” – o grifo é nosso.

            Enfim, não há a menor dúvida de que NÃO HÁ correlação entre concreções calcáreas e a mediunidade, pois esta não aumenta com a idade e aquelas, sim... Se a apatita tivesse alguma correlação com a mediunidade, esta aumentaria com a idade, o que não é verdadeiro doutrinariamente, nem na prática...

            Vejamos algumas imagens, em microscopia, imunohistoquímica do parênquima pineal, publicadas na Internet pela UNICAMP:

            No terço inferior, à direita, observamos concreções calcáreas da pineal, isto é, são um fenômeno comum na pineal, nada possuem de extraordinário e, como vimos, AUMENTAM  EM NÚMERO COM A IDADE...




Concreções calcáreas ou corpora arenacea aumentam em número com a idade. Fileira de cima, HE;  fileira de baixo - imunohistoquímica para EMA (negativa no parênquima pineal, mas a contracoloração pela hematoxilina demonstra bem as concreções).”

Fonte:  http://www.fcm.unicamp.br/departamentos/anatomia/nptpineocitoma1.html

A nosso ver, tais concreções calcáreas são indício de involução da glândula pineal. Hoje, a glândula pineal, no Homem, ainda possui alguma função em relação ao ciclo sono-vigília, através da substância melatonina produzida na pineal, ou seja, a melatonina é importante na regulação do “relógio biológico”, isto é, em ritmos circadianos, como no cio dos animais inferiores. No homem ela perdeu esta função, pois possuindo o livre-arbítrio, não necessitamos de cio, como já o dissemos alhures. Assim, a Providência Divina a tudo provê, cumpre-se na Natureza o célebre pensamento inscrito no túmulo de KARDEC: NAITRE, MOURRIR, RENAITRE ENCORE ET PROGRESSER SANS CESSE TELLE EST LA LOI  "...

Alguns mecanismos de atuação da pineal – A “cefaléia em salvas”

                Em interessante trabalho, a Dra. MARIA EDUARDA NOBRE, com  mestrado e doutorado em Neurologia pela Universidade Federal Fluminense,  com vários cursos no exterior e possuindo um livro intitulado “Cefaléia em Salvas” (Lemos Edit., São Paulo, SP), ela nos explica, na Internet, a fisiopatogenia da Pineal, ao demonstrar a redução da melatonina na Cefaléia em salvas (CS), diz ela:

“Melatonina
Apresenta-se diminuída durante a salva, havendo uma redução do seu pico noturno. Produzida pela pineal, é um marcador do sistema circadiano. A pineal recebe inervação simpática do hipotálamo, dos centros autonômicos da medula torácica, do plexo cervical simpático e do plexo carotídeo. O estímulo ambiental para a produção de melatonina é a intensidade da luz. Esta informação vem diretamente da retina para os núcleos supra-quiasmáticos, pelas vias retino-hipotalâmicas. No escuro, há liberação de norepinefrina nas fendas sinápticas da pineal, ativando a N-acetil-transferase, enzima que catalisa e estabelece o ritmo da biossíntese de serotonina e posteriormente melatonina, a partir do triptofano. Portanto, normalmente os níveis estão diminuídos durante o dia e aumentados à noite.”

A Dra. MARIA EDUARDA NOBRE conclui, então, o atualizado ensinamento:

“Vários estudos detectaram a diminuição da melatonina no período da salva. Chazot, em 1984, realizou um estudo dosando periodicamente os níveis plasmáticos de melatonina, entre outros hormônios, em pacientes com CS episódica e indivíduos saudáveis. Os pacientes apresentaram diminuição na secreção de melatonina. Em 1994, Waldenlind e col. avaliaram a concentração urinária de melatonina em 29 pacientes com CS episódica e 29 controles, mensalmente, por oito a 14 meses. A melatonina se manteve baixa, independente do período. Estes estudos contribuem para a hipótese de repercussão neuroendócrina em conseqüência da disfunção no relógio biológico.”

            Aí está: no Homem, a melatonina está, normalmente, aumentada à noite, na obscuridade, e diminuída durante o dia... É através do escuro, ambiental, que se inicia o processo de liberação de norepinefrina (noradrenalina) e, portanto, a produção de melatonina, ou seja, a “luz” não tem nada de transcendente e, muito menos, o fenômeno funcional nada possui de místico...

A visão prudente do Dr. NUBOR ORLANDO FACURE

            Hoje, podemos identificar a estrutura anatômica e funcional da pineal e nada sério nos autoriza a fazer correlações dela com o perispírito e, muito menos, com o Espírito. Corroborando o que vimos dizendo, vejamos a visão do confrade, Dr. Prof. NUBOR ORLANDO FACURE, da UNICAMP:

“Podemos identificar as células da pineal e sua microestrutura, registrarmos suas trocas metabólicas, identificamos as secreções dos humores e a transmissão dos influxos nervosos. Entretanto, no domínio da atividade espiritual, os possíveis componentes e como atuam, são ainda indetectáveis pelos nossos instrumentos. Extrapolar nosso conhecimento “daqui para lá” ainda permanece no campo da metafísica.

 Não seria prudente imaginarmos que “por aqui” poderemos um dia conhecer toda extensão desse fenômeno que chamamos de “psicofísico de natureza espiritual”. Pressupondo, de antemão, que “do lado de lá” a dinâmica espiritual do fenômeno é muito mais ampla e significativa do que nossa anatomia pode registrar.” (“Fenômenos Psico-Físicos de Natureza Espiritual” in Portal TERRA ESPIRITUAL. Fonte: www.geocities.com/chibeni/artigos.htm em 26/06/205).

Enfim, o Dr. FACURE pareceu-nos muito claro e prudente e disse várias verdades e, uma delas é indubitável: “(...) Extrapolar o nosso conhecimento ‘daqui para lá’ ainda permanece no campo da metafísica”; diríamos nós: permanece, hoje,  no campo da invencionice... Nós acrescentaríamos que as concreções calcáreas estão para a glândula pineal assim como o rochedo está para a mediunidade, isto é, evoquemos o rochedo e ele nos responderá, como diria a Espiritualidade  Superior...

EPÍLOGO

Caríssimo confrade Cel PAIVA, prezados leitores e leitoras, a glândula pineal pode ser destruída por uma doença irreversível , por um tumor, ao passo que a mediunidade é indestrutível por meios físicos... A pineal não funciona no homem como um “relógio biológico” da sexualidade, mas nos animais inferiores, sim!... No passado longínquo a pineal funcionava como um terceiro ôlho nos animais inferiores, hoje, não! Enfim ela vem perdendo funções...

A mediunidade é um dom organísmico, diz a Doutrina dos Espíritos e os “fluidos perispirituais” fazem parte do nosso organismo. Conhecemos, hoje, a estrutura íntima dos nossos “fluidos perispirituais”? A resposta da Física, da Química e da Doutrina dos Espíritos, atualmente, é: NÃO...

A glândula pineal é, a nosso ver, uma glândula marcada para morrer, mas não repentinamente, mas de forma lenta; pois a Natureza não dá saltos e a Providência Divina sempre atua na época apropriada, provendo as necessidades anatômicas e funcionais de todos os seres –  vegetais, animais e do Homem. Esta é a nossa “profecia”, baseada no estado atual dos nossos conhecimentos científicos e doutrinários. Se os fatos futuros provarem que estamos em erro, “pior para os fatos”, como diria o saudoso dramaturgo brasileiro NELSON RODRIGUES e, então, mudaremos de opinião... Como temos repetido em nossos artigos:

 “Se é certo que a utopia da véspera se torna muitas vezes a verdade do dia seguinte, deixemos que o dia seguinte realize a utopia da véspera, porém não atravanquemos a Doutrina de princípios que possam ser considerados quiméricos e fazer que as repilam os homens positivos.” (Obras Póstumas – ALLAN KARDEC – “II- Dos cismas” – CONSTITUIÇÃO DO ESPIRITISMO – EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS, Edit. FEB, 13 ed., 1973, p. 348).

As afirmações pseudocientíficas de que a PINEAL está relacionada à alma, à mediunidade ou a  mecanismos de cognição intuitiva são invencionices, que estão atravancando a Doutrina há algum tempo.



* Médico. Psiquiatra. Prof. Livre - Docente de Psicopatologia e Psiquiatria da  Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).   Coordenador do Curso de Especialização em Psiquiatria (FCM - UERJ).

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Glândula Pineal X Mediunidade


Filed under: Kardecismo — andreluizsiqueira @ 23:50

Glândula Pineal X Mediunidade
Glândula Pineal X Mediunidade
A importância desta glândula vai muito além dos estudos da Medicina. Entenda como ela é fundamental na relação espírito-corpo
A filogênese (o desenvolvimento, a evolução ao longo da história) da glândula pineal tem um interessante trajeto dos peixes até os mamíferos e os seres humanos.
Inicialmente nos peixes, a pineal funciona como um fator receptor. A cabeça do peixe é translúcida e a pineal é facilmente exposta à luz. Histologicamente vamos encontrar células retinianas caracterizando a função fotocorreceptora.
Na evolução a anfíbios e répteis, a pineal passa a somar à função fotocorreceptora as possibilidades de transdução neuroendócrina. Já nos mamíferos, o papel da fotocorrecepção é deixado exclusivamente aos olhos, que faz a sua ligação com a pineal na comunicação da mensagem luminosa através de vias neuronais adrenérgicas.
No homem julgamos que, além da função neuroendócrina, a pineal esteja relacionada aos mecanismos de percepção extra-sensorial estando ligada a desconhecidos processos da neurofisiologia da mediunidade.
Ritmos biológicos
Existe uma regência temporal de todas as funções do corpo humano. Sem essa coordenação no tempo não existe nem forma, nem função. Dentro desse sistema temporal vamos ter diversos ritmos nos sistemas biológicos, quais sejam: Ritmos circadianos – por exemplo, ciclo da vigília e sono, são os ciclos de um dia e estão relacionados à incidência luminosa dada pelo Sol.
Ritmos ultradianos e infradianos – respectivamente, ritmos de mais que um dia e menos que um dia. É o caso da produção de hormônios corticosteróides, hormônio de crescimento e muitos outros.
Ritmos mensais – obedecem ao mês lunar, por exemplo, o ciclo menstrual da mulher. Também o desenvolvimento de anexos epidérmicos, como cabelos e pêlos.
Ritmos anuais – seguem o ano lunar. A gravidez humana é exemplo clássico.
Assim, temos, também, outros padrões rítmicos aqui não relatados. O comando dos ritmos biológicos do ser humano pode vir de fontes externas – chamados Zeitbergers exógenos, por exemplo o Sol, a Lua, o pólo magnético da Terra, a alimentação, as influências ambientais.
Existem, também, comandos internos – Zeitbergers endógenos, por exemplo, estruturas genéticas. Ainda endogenamente, a mente humana pode alterar os ritmos biológicos. Assim, uma pessoa emocionalmente abalada por preocupações do trabalho ou desajustes familiares, pode alterar o ciclo de vigília e sono, não conseguindo dormir à noite. Pode alterar seus ritmos hormonais promovendo um atraso menstrual e assim por diante.
Em nossa hipótese espiritista, consideramos que o espírito é Zeitberger endógenos predominante, tendo no sistema genético corporal elementos de predisposição biológica que responde às suas necessidades espirituais.
Vale ressaltar que o complexo pineal, numa visão descartiana, representa o ponto de união do espírito ao corpo. Sendo o complexo pineal elemento anatômico que responde pela função tempo, e sendo o tempo uma região dimensional no espaço – quarta dimensão – há que se pensar na hipótese de que a ligação do espírito ao corpo, em se dando através da dimensão espaço-tempo , tenha seu foco de ligação no “relógio biológico”, o complexo pineal.
A partir do momento em que, na evolução filogenética, a pineal perde a sua capacidade fotorreceptora transformando-se num órgão neuroendócrino, os olhos passam a responder pela função fotocorreceptora. Vale dizer que a visão não vai somente estar ligada à percepção e cognição, mas também se liga a funções neuroendócrinas cujo órgão efetor é a glândula pineal.
A luz atinge a retina dos olhos havendo estimulação de vias nervosas que seguem um determinado trajeto até a glândula pineal.
Esta é uma via adrenérgica, isso significa que a estimulação indireta da pineal pela luz se dá pela adrenalina.

Mediunidade X Glandula Pineal
Glândula Pineal X Mediunidade
Portanto, temos:
Maior incidência de luz – menor funcionamento da pineal. Menor incidência de luz – maior funcionamento da pineal. Se a pineal é o órgão da mediunidade, em hipótese, responda você: a manifestação mediúnica ocorre com mais facilidade de dia ou de noite? No claro ou no escuro? E a inspiração dos poetas, dos músicos, dos escritores, dos cientistas, ocorre com mais facilidade à luz do dia ou da noite? E as manifestações sensuais do namoro e do amor?
O fato de a pineal funcionar como um transdutor psiconeuroendócrino, a faz uma glândula muito especial. Assim como os olhos detêm a capacidade de captar imagens; os ouvidos, o som e o tato, a geometria dos objetos, a pineal é um sensor capaz de “ver” o mundo espiritual e de coligá-lo com a estrutura biológica.
É uma glândula, portanto, que “vive” o dualismo espírito-matéria. Renée Descartes foi o primeiro pensador a associar a glândula pineal com a visão dualista. O estudo dos mecanismos físicos envolvidos no funcionamento dessa glândula são excelentes modelos experimentais para o estudo da relação do mundo espiritual com o mundo material.
Sem, no entanto, abordar essa questão glandular, o físico e professor da Universidade de Oxford, Roger Penrose publicou uma tese em que se utiliza do teorema de Godel para representar o ser humano como sendo uma tríade biológica, psicológica e espiritual. Vale dizer que esse eminente cientista é a representação de toda uma geração que tem feito renascer uma nova e criteriosa Ciência, a ciência do espírito.

Pineal e Mediunidade - Palestra de Sérgio

Pineal e Mediunidade - Sérgio Felipe palestra

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Da Glândula Pineal à Sensibilidade Espiritual (II)


Iso Jorge Teixeira*

Nova análise científica e crítica das heresias científicas e distorções doutrinárias

A excelência do Espiritismo está em seu tríplice aspecto: filosófico, científico e moral-religioso. Sem a base de sustentação filosófica, o Espiritismo desmoronar-se-ia; sem o aspecto científico seria um amontoado de fenômenos curiosos e um estímulo à superstição; sem o aspecto moral-religioso, não consolaria ninguém, seria um materialismo disfarçado; enfim, aplica-se aqui o pensamento: "A Ciência sem a religião é aleijada. E a religião sem a Ciência é cega" (A. EINSTEIN. Escritos da maturidade. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1994, p. 30).
Em todos os nossos escritos, sempre, procuramos encarar o ser humano com uma visão antropológico-existencial, com uma visão do todo do Homem, em suas dimensões orgânicas, psicológicas, socioculturais e espirituais. Felizmente, os nossos leitores estão entendendo isso. Assim, citaremos algumas correspondências enviadas e desenvolveremos um tema, para esclarecer o leitor e demonstrar a importância da integração que deve haver no pensamento de todo verdadeiro espírita...
No dia 04/04/03, uma inteligente jornalista dirigiu-nos a seguinte carta eletrônica:
"Dr. Iso (Jorge Teixeira), tudo bem? Depois de um bom tempo, volto a lhe pedir ajuda, esperando que tudo esteja bem com você. Minha pergunta é simples e direta: 'o que há de tão importante na glândula pineal?' O que há nela de esotérico, de científico e de 'Kardec'?
Abraços, estou com saudades de suas respostas
ELIANA (FERRER HADDAD)
São Paulo - SP "
Respondemos à nossa leitora em artigo publicado na revista UNIVERSO ESPÍRITA (Ano I, nº 2, julho / 2003, p. 20- 23) e desenvolveremos, aqui, o que dissemos lá...

Aspectos físicos e químicos da glândula pineal

A glândula pineal, também chamada epífise do encéfalo, era pouco conhecida em suas funções e até bem pouco tempo tem sido considerada como um órgão em involução.
A glândula pineal está localizada abaixo de uma porção do corpo caloso, uma estrutura localizada, digamos, quase no centro do encéfalo (Fig. 1). É coberta por uma lâmina de tecido corióide do 3.º ventrículo cerebral e, em geral, está calcificada, em adultos; por isso, pode ser visualizada radiograficamente (Fig. 2).
A glândula pineal pesa cerca de 140 a 200 mg; portanto, é uma glândula bem pequena e comumente calcificada, sugerindo ser verdadeira, em parte, a idéia de que é um órgão em involução, em extinção. Vejamos o que nos diz a respeito o célebre livro de eminentes fisiologistas:
"(...) Sabe-se, a partir da anatomia comparada, que a glândula pineal é um remanescente vestigial do que era um terceiro olho na parte de trás da cabeça, em animais inferiores. (...)" (GUYTON & HALL. Tratado de FISIOLOGIA MÉDICA. Edit. Guanabara Koogan S.A., Rio de Janeiro, 1997, p. 922).
Estudos recentes vêm demonstrando a "participação" da pineal no controle das atividades sexuais e de reprodução, especialmente, no que diz respeito ao aspecto dos chamados ritmos circadianos. Vejamos o texto do livro de GUYTON (op. cit., p. 922):
"(...) Em animais inferiores que têm seus filhotes em certas estações do ano e nas quais a glândula pineal foi removida ou os circuitos nervosos da glândula pineal foram seccionados, os períodos normais de fertilidade sazonal são perdidos. Para estes animais esta fertilidade sazonal é importante porque permite o nascimento de uma prole numa época do ano em que a sobrevivência é mais provável.(...)"
E os importantes fisiologistas ensinam-nos:
“O mecanismo deste efeito não está inteiramente esclarecido, mas parece ser o seguinte: Primeiro, a glândula pineal é controlada pela quantidade de luz ou pelo 'padrão temporal' da luz vista pelos olhos a cada dia. Por exemplo, no hamsterescuridão maior que de 13 h de duração, a cada dia, ativa a glândula pineal, enquanto uma quantidade menor que esta escuridão deixa de ativá-la. (...). Segundo, a glândula pineal secreta melatoninae várias outras substâncias semelhantes. Acredita-se, então, que a melatonina ou uma das outras substâncias vai, por meio do sangue ou do líquido do 3.º ventrículo,vai para a glândula hipófise anterior, para diminuir a secreção do hormônio gonadotrófico.
E concluem, então, o esclarecimento de mecanismo tão complexo:
Assim, na presença de secreção da glândula pineal, a secreção do hormônio gonadotrófico é suprimida em algumas espécies de animais, sendo as gônadas inibidas e, mesmo, parcialmente involuídas. Isto é, presumivelmente, o que ocorre nos primeiros meses do inverno, quando a escuridão é crescente. Mas, depois de quatro meses de disfunção, a secreção do hormônio gonadotrófico supera o efeito inibitório da glândula pineal e as gônadas tornam-se novamente funcionais, pronta para uma primavera de plena atividade".
Enfim, estudos mais recentes demonstram que a pineal estaria ligada aos ritmos circadianos, isto é, aos ritmos vitais, que se repetem quase matematicamente: sono/vigília; períodos de cio e de reprodução, como vimos, etc. Mas, ainda estamos longe de transportar esses achados científicos nos animais inferiores para o ser humano...

A pineal e o esoterismo

Do ponto de vista esotérico, a glândula pineal funcionaria como um "terceiro olho", isto é, como uma zona - um chacra - localizada acima e entre os olhos, zona esta que seria responsável pelas nossas intuições transcendentes, pela nossa expansão de consciência.
O "terceiro olho" nos animais inferiores era uma realidade e tinha um a razão de ser, mas no Homem é uma concepção mística, esotérica, nada tem de científica. Imagem extraída de José Antonío García Segovíano y Rafael Campos Rodríguez Internet.

O "terceiro olho" nos animais inferiores era uma realidade e tinha um a razão de ser, mas no Homem é uma concepção mística, esotérica, nada tem de científica
Imagem extraída de José Antonío García Segovíano y Rafael Campos RodríguezInternet.
Interessante notar que, desde milhares de anos, a pineal está presente na escala dos vertebrados, dizem alguns estudiosos. Sobre ela foi dito: "(...) No limite da ciência moderna é considerada fotossensitiva, paralelamente é psicosensível, pois a meditação transcendental realça suas funções. Só uma coincidência? Talvez, porém, assombrosa." (Jose Antonío García Segovíano y Rafael Campos Rodríguez . La Glándula Pineal y sus Efectos en el Sistema inmunológico. Maio/Junho-1997-Internet).
Certamente, há uma assombrosa coincidência ante a admissão, pela remota Antigüidade, da função da pineal como terceiro olho, misticamente concebida pelos esotéricos e a existência, real, de um 3.º olho remanescente, fotossensível, nos animais inferiores; entretanto, a nossa discordância na concepção esotérica é o fato de querer-se materializar um aspecto do Homem que é eminentemente espiritual e, em pleno século XXI, atribuir-se funções espirituais, misticamente, a uma glândula com funções ainda obscuras, mas, certamente, com caráter físico e químico indubitáveis, isto é, nada espirituais...

A pineal e os filósofos

Acreditamos em que a glândula pineal não é a "sede da alma", como muitos confrades advogam, baseando-se em leitura ligeira de PLATÃO; porque, a concepção platônica de imortalidade da alma não tem nenhuma relação com aspectos materiais, ela é eminentemente metafísica, basta que se estude a Doutrinas das Idéias do filósofo grego...
O filósofo RENÉ DESCARTES, este sim, defendeu a tese de que na pineal estaria a sede da alma... Nos últimos dos seus trabalhos publicados durante sua vida, saiu a lume, em novembro de 1649, poucos meses antes de sua morte (cf. IVAN LINS. DESCARTES – Época, vida e Obra. Liv. São José Edit., 2 ed., Rio de Janeiro – GB, 1964, p. 340). Esta última obra foi intitulada Tratado das Paixões da Alma. Aqui e numa carta a MEYSSONIER, médico de Lyon, disse DESCARTES sobre a pineal:
“A razão que me leva a crer seja essa glândula a sede da alma é não encontrar, em todo o cérebro, nenhuma outra parte que não seja dupla [grifos nossos]. Ora, não vendo senão uma única cousa com os dois olhos, não ouvindo senão um mesmo som com os dois ouvidos, e, enfim, não tendo nunca senão um pensamento ao mesmo tempo, é absolutamente necessário que as impressões, que nos chegam através dos olhos, dos ouvidos, etc., se unam em alguma parte do corpo para serem aí consideradas pela alma.”
E o grande filósofo conclui a sua argumentação:
“Ora, não podemos encontrar nenhuma outra nestas condições, em toda a cabeça, senão a glândula pineal, que se acha, além do mais na situação mais adequada para esse fim, isto é, no meio, entre todas as concavidades, sustentada e cercada por pequenas ramificações das carótidas, que trazem os espíritos (a) ao cérebro”.
(a)- Os espíritos, na concepção de DESCARTES, eram as partes mais sutis e voláteis do sangue (cf. op. cit., p. 341).
Enfim, as idéias de RENÉ DESCARTES, apesar de arrojadas para o seu tempo, baseadas anatomicamente, demonstram que o grande sábio errou redondamente, pois sabemos hoje que a glândula pineal não é a única que não é dupla, pois também a HIPÓFISE também é ímpar,única, no centro do cérebro... A propósito, disse JULES SOURY sobre DESCARTES neste particular:
“Tal sábio pode ter errado, tanto quanto Aristóteles, no atinente à sede da alma. Fez, contudo mais, a propósito da teoria das sensações, das paixões e da inteligência, do que os mais exatos anatomistas e os fisiologistas de qualquer tempo.” (cf. op. cit., p. 340).
Portanto, prezados confrades, a tese dos filósofos citados quanto à localização da sede da alma não têm nenhuma sustentação na realidade anatômica nem fisiológica, erraram os filósofos neste particular...

A pineal e a concepção espírita

alma - Espírito encarnado - não tem localização precisa em nenhum órgão de nosso corpo [a propósito, sugerimos que se leia, com atenção, as respostas das questões 140 e 141 de O Livro dos Espíritos (OLE)] e, especificamente, a questão 146 de OLE é bem esclarecedora, na qual KARDEC pergunta:
A alma tem, no corpo, uma sede determinada e circunscrita ?
E a resposta da Espiritualidade Superior não nos deixa dúvidas:
— Não. Mas ela se situa mais particularmente na cabeça, entre os grandes gênios e todos aqueles que usam bastante o pensamento e no coração dos que sentem bastante, dedicando todas as suas ações à Humanidade.”(grifos nossos).
Conclui-se, doutrinariamente, que a alma não deve ser localizada, anatomicamente, pois neste particular não há nenhuma relação entre cabeça coração. Além disso, não devemos confundir fluidos vitais (matériaquintessenciada) com Espírito (cf. resp. à questão 146-A de OLE).
Outros confrades querem atribuir à pineal a função de "centro da mediunidade", baseados em informes mediúnicos, não-controlados pelo criterium da concordância universal dos ensinos dos Espíritos. Também esta é umateoria que, a nosso ver, não tem nenhuma sustentação científica e filosófica... Se a mediunidade baseia-se nos "fluidos" perispirituais, e na sua combinação, por que localizá-la? E, numa glândula?! Materialmente!!
O padre QUEVEDO afirmava haver um local de captação hiperestésica de sons, estímulos visuais, etc. - que independeria de distância; tal local seria o epigástrio, ou seja, aquela região conhecida popularmente como boca do estômago. Dizia o "parapsicólogo", inconseqüentemente:
"(...) A importância do epigástrio deve ser destacada em Parapsicologia. A hiperestesia é especialmente freqüente nesta região do corpo." (QUEVEDO, OSCAR GONZÁLEZ. A Face Oculta da Mente. Ed. Loyola, 6 ed., São Paulo, 1965, p. 59).
A tese do padre QUEVEDO é literalmente indigesta e a dos confrades, relacionando mediunidade com glândula pineal, acima referida, muito se assemelha à do padre, difere somente na localização... Em nosso modo de entender, ambas são errôneas e sem nenhuma constatação científica...
As teses do Dr. SÉRGIO FELIPE DE OLIVEIRA, de São Paulo, por exemplo, não resistem a uma análise com o mínimo de rigor científico... Muito citado no movimento espírita como “cientista” e “pesquisador da pineal”, suas afirmações, as mais banais, são CONTRADITÓRIAS e, por vezes, PSEUDOCIENTÍFICAS... Assim, ora ele diz que a pineal “não se calcifica” (cf. resposta numa entrevista a PAULA CALLONI DE SOUZA , do IPPB (Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas), na Internet, quando perguntado: “É verdade que a pineal se calcifica com a meia-idade? E essa calcificação prejudica a mediunidade?”
Não, a pineal não se calcifica – afirmou o Dr. SÉRGIO FELIPE -; ela forma cristais de apatita, e isso independe da idade. Estes cristais têm a ver com o perfil da função da glândula. Uma criança pode ter estes cristais na pineal em grande quantidade enquanto um adulto pode não ter nada. Percebemos, pelas pesquisas, que quando um adulto tem muito destes cristais na pineal, ele tem mais facilidade de seqüestrar o campo eletromagnético.(...)”. E ora o Dr. SÉGIO FELIPE afirma o contrário, isto é, que a pineal “se calcifica”, como aconteceu em sua entrevista na Cidade do Porto, Portugal, publicada no JORNAL DE ESPIRITISMO (órgão da Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal – ADEP, ano I , n º 2, Janeiro / Fevereiro de 2004, pág. 11, quando perguntado se “A glândula pineal altera-se com a idade”? Eis a resposta do contraditório pesquisador:
“De facto, ocorre a biomineralização da glândula pineal, ela calcifica-se. (...)”.
Tal contradição é inconcebível num homem que se diz “pesquisador”!! Mas, não é só isso, seus argumentos são pseudocientíficos; por exemplo: ele afirma que teria encontrado “cristais de apatita” na pineal em suas “pesquisas científicas”, como se tivesse descoberto a pólvora!... Ora, a APATITA é, por definição, “fosfato de CÁLCIO NATURAL, hexagonal, contendo flúor e cloro, que se encontra nas rochas eruptivas ou metamórficas e no TECIDO ÓSSEO”, basta que se consulte um bom dicionário ou uma boa Enciclopédia... Ou seja, a APATITA é componente NATURAL de QUALQUER tecido ÓSSEO, ou seja, é um sinal de CALCIFICAÇÃO. Portanto, a PINEAL CALCIFICA-SE, SIM, e isto é um indício relevante de que a glândula está em INVOLUÇÃO... Basta que se radiografe o crânio de uma pessoa para que lá encontremos a PINEAL, calcificada; ou seja, a componente APATITA na pineal é conhecida há muitos anos, não é resultado de pesquisa recente e muito menos do pesquisador Dr. SÉRGIO FELIPE DE OLIVEIRA... Não há nada de místico nos cristais de apatita, como as elucubrações contraditórias e pseudocientíficas do Dr. SÉERGIO FELIPE faz pressupor aos desavisados...
Concluindo, é nossa opinião, a glândula pineal é um órgão em involução, em extinção no Homem; pois na evolução física deste, ela vem perdendo, progressivamente, as funções que exerciam e exercem nos animais inferiores. É um órgão de pouco peso no Homem, tanto anatômica quanto fisiologicamente e isso nos parece mais ou menos claro, pois a sexualidade e reprodução do Homem atual não precisam ser controladas por um órgão; o Homem possuindo o livre-arbítrio, não necessita de cio e pode, perfeitamente, controlar a reprodução.
A Providência Divina é sábia e um órgão em extinção em vez de, aparentemente, contrariar a perfeição divina, vem confirmar que tudo se liga e se encadeia, harmoniosamente, na Natureza...
As indagações da Sra. ELIANA FERRER foram sucintas e simples, mas a nossa resposta tinha de envolver aspectos científicos complexos, numa visão pluridimensional do Homem; parece-nos que deveríamos sempre avaliar os fenômenos humanos, sob esta visão do todo.

A importância da base filosófica em nossas vidas

No dia 13/03/03 recebemos o seguinte mail: "Sr. Iso, li seu artigo "O deslumbramento das flores e a fragilidade dos homens" e fiquei verdadeiramente emocionada. Procuro estudar a doutrina e vou sempre a um Centro Espírita perto de minha casa. E quanto mais estudo mais percebo o quanto há para aprender e peço a Deus que me auxilie para que o meu aprendizado seja de alguma valia. Pretendo estudar, como o senhor, Psicologia e quem sabe possa trabalhar melhor quando entender, ainda que um pouco, tudo o que a doutrina oferece. Agradeço sua contribuição.
Viviane
O artigo a que a leitora se refere foi título de capa de O SEMEADOR (jornal da FEESP) de março/2003, publicado nas págs. 8 e 9. Em nossa resposta preliminar, dissemos: "Nós, sim, ficamos verdadeiramente emocionados com sua mensagem. A sua atitude filosófica é, também, semelhante à de SÓCRATES, que dizia, com outras palavras, que a verdadeira SABEDORIA é saber que não se sabe algumas coisas, daí a importância do ESTUDO constante e isso tentamos transmitir ao leitor e a Sra. entrou em sintonia com nosso pensamento... Mensagens como a sua são muito gratificantes e são indícios de que estamos no caminho certo". A seguir solicitamos a Cidade e Estado da leitora.
Em resposta de 16/04/03, dentre outras coisas, ela acrescentou: (...) Estou lendo um livro que se chama "Fédon - diálogo sobre a alma e morte de Sócrates" e acho muito interessante que mesmo tanto tempo antes da vinda de Cristo, Sócrates já tivesse uma idéia tão ampla sobre a imortalidade da alma e como ele passava isso aos seus discípulos. (...) gostaria de dividir essa alegria. A alegria da descoberta, do conhecimento e como sou apaixonada por leitura, gosto de dividir o que encontro por aí. A propósito, se souber de um bom livro, por favor, indique-me. Tenha um bom feriado de Páscoa. Um abraço
VIVIANE SOUZA
Cotia - SP
Dissemos à estudiosa leitora que continuasse a ler SÓCRATES e PLATÃO, pois está bem acompanhada e que a sua alegria do conhecimento sempre existe naquelas pessoas que buscam o crescimento espiritual e a Filosofia é a base de todo conhecimento verdadeiro e, em SÓCRATES, ressalta-se a necessidade do cumprimento do oráculo: "conhece-te a ti mesmo".
Depois de ler PLATÃO, ou paralelamente, seria interessante ler os 12 (doze) volumes da Revista Espírita, Jornal de estudos psicológicos, de ALLAN KARDEC (existe uma tradução da EDICEL), que é um estudo suave e variado do "laboratório" de KARDEC e da visão do Espiritismo em seu tríplice aspecto. É uma leitura simultaneamente amena e informativa e de importância fundamental para o verdadeiro espírita.
A carinhosa manifestação da leitora parece-nos demonstrar que a Ciência Espírita não pode abdicar dos princípios filosóficos verdadeiros, eternos, de ontem e de hoje e os aspectos filosóficos do Espiritismo sempre estiveram e estarão presentes em nossos artigos, daí, talvez, a sintonia da leitora...

Manter o quotidiano em perspectiva espiritual

No dia 03/04/03 recebemos uma tocante mensagem em E-mail:
Caro Iso, parabéns pelo texto escrito para O SEMEADOR .
Obrigado pela linda leitura dos ensinamentos de Jesus. São textos como estes que nos ajudam a manter nosso cotidiano em perspectiva (espiritual) não deixando que esqueçamos do que realmente somos.
Abraços,
FERNANDO SPALDING
São Paulo – SP
Caixa de texto: O Espiritismo rasga o véu da ignorância e consola o coração dos homens
O texto a que se refere o leitor é o mesmo referido pela leitora VIVIANE.
São mensagens com a delicadeza como a desses leitores, que nos deixa verdadeiramente sensibilizados, pois elas nos dão a certeza de que a visão espírita de um homem-de-Ciência, como nós, deve atingir o seu aspecto tríplice e parece-nos que estamos atingindo os nossos objetivos, que são o de esclarecer e consolar sempre que possível e, usando as palavras do confrade FERNANDO, manter o quotidiano do leitor em perspectiva espiritual, independentemente de classe social.
Certamente, não foi a glândula pineal do Sr. FERNANDO SPALDING nem das Sras. VIVIANE e ELIANA que os inspiraram a nos escrever, nem foi a nossa que viu na mensagem de ambos um aspecto transcendente. Obrigado aos três pela oportunidade que nos proporcionaram para esclarecer o leitor e tentar mantê-lo em perspectiva espiritual quotidiana à luz da Ciência Espírita, sustentada por tão grandiosa Filosofia. Como disse o Espírito VERDADE no cap. VI, item 5 "in fine", de O Evangelho segundo o Espiritismo:
"Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo".
O Espiritismo rasga o véu da ignorância e consola o coração dos homens.
OS COMEDORES DE BATATAS. VINCENT VAN GOGH. 1885 
Um grupo de pessoas simples em torno da mesa onde fumega um único prato de batatas; os rostos e as mãos marcados pelo trabalho e cansaço.
QUALQUER QUE SEJA A NOSSA
CLASSE SOCIAL
DEVEMOS MANTER O NOSSO QUOTIDIANO EM PERSPECTIVA ESPIRITUAL
* Dr. Iso Jorge Teixeira
Livre - Docente de Psicopatologia e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Pineal - A União do Corpo e da Alma


Paula Calloni de Souza
Freqüentemente, a glândula pineal surge como o centro de nosso relacionamento com outras dimensões, e tem sido assim nas mais variadas correntes religiosas e místicas, há milhares de anos. O especialista no assunto, dr. Sérgio Felipe de Oliveira, conversou conosco sobre o assunto, mostrando os avanços da ciência no sentido de desvendar esse mistério.
O mistério não é recente. Há mais de dois mil anos, a glândula pineal, ou epífise, é tida como a sede da alma. Para os praticantes da ioga, a pineal é o ajna chakra, ou o “terceiro olho”, que leva ao autoconhecimento. O filósofo e matemático francês René Descartes, em Carta a Mersenne, de 1640, afirma que “existiria no cérebro uma glândula que seria o local onde a alma se fixaria mais intensamente”.
Atualmente, as pesquisas científicas parecem ter se voltado definitivamente para o estudo mais atento desta glândula. Estaria a humanidade próxima da comprovação científica da integração entre o corpo e o que se chamaria de alma? Haveria um órgão responsável pela interação entre o homem e o mundo espiritual? Seria a mediunidade, de fato, um atributo biológico e não um conceito religioso, como postulou Allan Kardec?
Para responder a estas e outras perguntas, a revista Espiritismo & Ciência conversou com o psiquiatra e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo, dr. Sérgio Felipe de Oliveira. Diretor-clínico do Instituto Pineal Mind, e diretor-presidente da AMESP (Associação Médico-Espírita de São Paulo), Sérgio Felipe de Oliveira é um dos maiores pesquisadores na área de Psicobiofísica da USP, e vem ganhando destaque nos meios de comunicação com suas pesquisas acerca do papel da glândula pineal em fenômenos como a mediunidade.
Fale um pouco sobre seu trabalho à frente da AMESP e do Instituto Pineal Mind.
A AMESP é uma associação de utilidade pública que reúne médicos dedicados ao estudo da relação entre a medicina e a espiritualidade. O Pineal Mind é minha clínica, um instituto de saúde mental, onde fazemos pesquisas e atendemos psicoses, síndromes cerebrovasculares, ansiedades, depressão, psicoses infantis, uso de drogas e álcool. Temos um setor de psiconcologia (psicologia aplicada ao câncer) e estudamos também os aspectos psicossomáticos ligados à cardiologia, etc. Agora, particularmente nas pesquisas comportamentais, eu estudo os estados de transe e a mediunidade. Mas não pesquiso só a glândula pineal; ela é o que eu pesquiso no cérebro, interessado em entender a relação entre corpo e espírito.
O que é psicobiofísica?
É a ciência que integra a psicologia, a física e a biologia. Na biologia, estudamos o lobo frontal, responsável pela crítica da razão; mas o cérebro funciona eletricamente – aí entra a física, que serve de substrato para o pensamento crítico, que é o psicológico.
Quando surgiu seu interesse no aprofundamento do estudo da pineal?
Foi por volta de 1979/80, quando eu estava estudando a obra de André Luiz, psicografada por Chico Xavier. Em Missionários da Luz, a pineal é claramente citada. Nesta mesma época, eu já pleiteava o curso de Medicina. No colégio, estudando Filosofia, fiquei impressionado com a obra de Descartes, que dizia que a alma se ligava ao corpo pela pineal. Quando entrei na faculdade, corri atrás destas questões, do espiritual, da alma e de como isso se integra ao corpo.
O que é a glândula pineal, onde está localizada e qual a sua função no organismo?
A pineal está localizada no meio do cérebro, na altura dos olhos. Ela é um órgão cronobiológico, um relógio interno. Como ela faz isso? Captando as radiações do Sol e da Lua. A pineal obedece aos chamados Zeitbergers, os elementos externos que regem as noções de tempo. Por exemplo, o Sol é um Zeitberger que influencia a pineal, regendo o ciclo de sono e de vigília, quando esta glândula secreta o hormônio melatonina. Isso dá ao organismo a referência de horário. Existe também o Zeitberger interno, que são os genes, trazendo o perfil de ritmo regular de cada pessoa. Agora, o tempo é uma região do espaço. A dimensão espaço-tempo é a quarta dimensão. Então, a glândula que te dá a noção de tempo está em contato com a quarta dimensão. Faz sentido perguntarmos: “Será que a partir da quarta dimensão já existe vida espiritual?” Nós vivemos em três dimensões e nos relacionamos com a quarta, através do tempo. A pineal é a única estrutura do corpo que transpõe essa dimensão, que é capaz de captar informações que estão além dessa dimensão nossa. A afirmação de Descartes, do ponto em que a alma se liga ao corpo, tem uma lógica até na questão física, que é esta glândula que lida com a outra dimensão, e isso é um fato.
Outros animais possuem a epífise? Ela está relacionada à consciência?
Todos os animais têm essa glândula; ela os orienta nos processos migratórios, por exemplo, pois ela sintoniza o campo magnético. Nos animais, a glândula pineal tem fotorreceptores iguais aos presentes na retina dos olhos, porque a origem biológica da pineal é a mesma dos olhos, é um terceiro olho, literalmente.
Esta glândula seria resquício de algum órgão que está se atrofiando, ou estaria ligada a uma capacidade psíquica a ser desenvolvida?
Eu acredito que a pineal evoluiu de um órgão fotorreceptor para um órgão neuroendócrino. A pineal não explica integralmente o fenômeno mediúnico, como simplesmente os olhos não explicam a visão. Você pode ter os olhos perfeitos, mas não ter a área cerebral que interprete aquela imagem. É como um computador: você pode ter todos os programas em ordem, mas se a tela não funciona, você não vê nada. A pineal, no que diz respeito à mediunidade, capta o campo eletromagnético, impregnado de informações, como se fosse um telefone celular. Mas tudo isso tem que ser interpretado em áreas cerebrais, como por exemplo, o córtex frontal. Um papagaio tem a pineal, mas não vai receber um espírito, porque ele não tem uma área no cérebro que lhe permita fazer um julgamento. A mediunidade está ligada a uma questão de senso-percepção. Então, a ela não basta a existência da glândula pineal, mas sim, todo o cone que vai até o córtex frontal, que é onde você faz a crítica daquilo que absorve. A mediunidade é uma função de senso (captar)-percepção (faz a crítica do que está acontecendo). Então, a mediunidade é uma função humana.
A pineal converte ondas eletromagnéticas em estímulos neuroquímicos? Isso é comprovado cientificamente?
Sim, isso é comprovado. Quem provou isso foram os cientistas Vollrath e Semm, que têm artigos publicados na revista científica Nature, de 1988.
A parapsicologia diz que estes campos eletromagnéticos podem afetar a mente humana. O dr. Michael Persinger, da Laurentian University, no Canadá, fez experiências com um capacete que emite ondas eletromagnéticas nos lobos temporais. As pessoas submetidas a essas experiências teriam tido “visões” e sentiram presenças espirituais. O dr. Persinger atribui esses fenômenos à influência dessas ondas eletromagnéticas. O que o senhor teria a dizer sobre isso?
Veja, o espiritual age pelo campo eletromagnético. Então, dizer que este campo interfere no cérebro não contraria a hipótese de uma influência espiritual. Porque, se há uma interferência espiritual, esta se dá justamente pelo campo eletromagnético. Quando se fala do espiritual, em Deus, a interferência acontece na natureza pelas leis da própria natureza. Se o campo magnético interfere no cérebro, a espiritualidade interfere no cérebro PELO campo magnético. Uma coisa não anula a outra. Pelo contrário, complementam-se.
A mediunidade seria atributo biológico e não um conceito religioso? Existe uma controvérsia no meio científico a esse respeito?
A mediunidade é um atributo biológico, acredito, que acontece pelo funcionamento da pineal, que capta o campo eletromagnético, através do qual a espiritualidade interfere. Não só no espiritismo, mas em qualquer expressão de religiosidade,  ativa-se a mediunidade, que é uma ligação com o mundo espiritual. Um hindu, um católico, um judeu ou um protestante que estiver fazendo uma prece, está ativando sua capacidade de sintonizar com um plano espiritual. Isso é o que se chama mediunidade, que é intermediar. Então, isso não é uma bandeira religiosa, mas uma função natural, existente em todas as religiões. E isso deve acontecer através do campo magnético, sem dúvida. Se a espiritualidade interfere, é pelo campo eletromagnético, que depois é convertido, pela pineal, em estímulos eletroneuroquímicos. Não existe controvérsia entre ciência e espiritualidade, porque a ciência não nega a vida após a morte. Não nega a mediunidade. Não nega a existência do espírito. Também não há uma prova final de que tudo isto existe. Não existe oposição entre o espiritual e o científico. Você pode abordar o espiritual com metodologia científica, e o espiritismo sempre vai optar pela ciência. Essa é uma condição precípua do pensamento espírita. Os cientistas materialistas que disserem “esta é minha opinião pessoal”, estarão sendo coerentes. Mas se disserem que a opção materialista é a opinião da ciência, estarão subvertendo aquilo que é a ciência. A American Medical Association, do Ministério da Saúde dos EUA, possui vários trabalhos publicados sobre mediunidade e a glândula pineal.  O Hospital das Clínicas sempre teve tradição de pesquisas na área da espiritualidade e espiritismo. Isso não é muito divulgado pela imprensa, mas existe um grupo de psiquiatras lá defendendo teses sobre isso.
Como são feitas as experiências em laboratório?
Existem dois tipos: um, que é a experiência de pesquisa das estruturas do cérebro, responsáveis pela integração espírito/corpo; e outra, que é a pesquisa clínica, das pessoas em transe mediúnico. São testes de hormônios, eletroencefalogramas, tomografias, ressonância magnética, mapeamento cerebral, entre outros. A coleta de hormônios, por exemplo, pode ser feita enquanto o paciente está em estado de transe. E os resultados apresentam alterações significativas.
As alterações em exames de tomografia, por exemplo, são exclusivas ou condizentes com outras patologias? O senhor descarta a hipótese de uma crise convulsiva?
Isso é bem claro: a suspeita de uma interferência espiritual surge quando a alteração nos exames não justifica a dimensão ou a proporção dos sintomas. Por exemplo: o indivíduo tem uma crise convulsiva fortíssima,  é feito o eletroencefalograma e aparece uma lesão pequena. Não há, então, uma coerência entre o que está acontecendo e o que o exame está mostrando. A reação não é proporcional à causa. A mediunidade mexe com o sistema nervoso autônomo – descarga de adrenalina, aceleração do ritmo cardíaco, aumento da pressão arterial.
Como o senhor diferencia doença mental de mediunidade?
Na doença mental, o paciente não tem crítica da razão; no transe mediúnico, ele tem essa crítica. Quando o médium diz que incorporou tal entidade espiritual, mas que ele, médium, continua sendo determinada pessoa, ele usou a crítica, julgou racionalmente o que aconteceu. Agora, um indivíduo que diz ser Napoleão Bonaparte? Aí ele perdeu a crítica da razão. Essa é a diferença. O que não quer dizer que o indivíduo que esteja em psicose não possa estar em transe também. A mediunidade se instala no indivíduo são, ou pode dar uma dimensão muito maior a uma doença. A mediunidade sempre vai dar um efeito superlativo. Se a pessoa alimenta bons sentimentos, ela cresce. Se ela tem uma doença, aquela doença pode ficar fora de controle.
É verdade que a pineal se calcifica com a meia-idade? E essa calcificação prejudica a mediunidade?
Não, a pineal não se calcifica; ela forma cristais de apatita, e isso independe da idade. Estes cristais têm a ver com o perfil da função da glândula. Uma criança pode ter estes cristais na pineal em grande quantidade enquanto um adulto pode não ter nada. Percebemos, pelas pesquisas, que quando um adulto tem muito destes cristais na pineal, ele tem mais facilidade de seqüestrar o campo eletromagnético. Quando a pessoa tem muito desses cristais e sequestra esse campo magnético, esse campo chega num cristal e ele é repelido e rebatido pelos outros cristais, e este indivíduo então apresenta mais facilidade no fenômeno da incorporação. Ele incorpora o campo com as informações do universo mental de outrem. É possível visualizar estes cristais na tomografia. Observamos que quando o paciente tem muita facilidade de desdobramento, ele não apresenta estes cristais.
As crianças teriam mais sensibilidade mediúnica?
A mediunidade na criança é diferente da de um adulto. É uma mediunidade anímica, é de saída. Ela sai do corpo e entra em contato com o mundo espiritual.
A pineal pode ser estimulada com a entoação de mantras, como pregam os místicos?
A glândula está localizada em uma área cheia de líquido. Talvez o som desses mantras faça vibrar o líquido, provocando alguma reação na glândula. Os cristais também recebem influências de vibração. Deve vibrar o líquor, a glândula, alterando o metabolismo. Teria lógica.
Em que se concentrarão seus próximos estudos?
Estou preparando um estudo sobre Cronogenética da Reencarnação. Mas, sobre isso, falarei mais detalhadamente em 2003, durante o Congresso Médico-Espírita.