sexta-feira, 20 de julho de 2012

Demônios, loucos, deficientes mentais e o Espiritismo




Na sociedade pretérita dos Eclesiastes e burgueses , mais amarrada à retorica de aparência e pouca de clareza ou seja apegada às palavras brilhantes, tinha enorme receio dos poderes espirituais ocultos, no seio destas Castas a doença mental era vista como uma influência demoníaca, ou uma invasão de força perversa e em êxtase ativo.. . Os ditos dementes ou possessos de loucura, no reconhecimento da maioria dos Doutos, só servia para experienciarem as suas retoricas submetendo os doentes mentais a terapias brutais de tortura física e psicológica; sem pena , nem dó e tudo em nome de uma cura…que não passava do elo experiencial, tendo um único sentido a mortificação plena de um Ser. Estes Seres com problemas psíquicos, eram marginalizados, mesmo liquidados, para que não fossem profanadas as suas Famílias no entender de alguns. O Espiritismo à dois seculos, que tem nos oferecido pelo estudo logico e lucido, enumeras respostas, para vários problemas, aos quais apenas se ouvia o ruído, e entre estes estudo Allan Kardec explanou Na Revue Spirite, artigos de enorme importância. Qual será a visão real do Espiritismo deste problema?!O que fazer para permitir uma maior ajuda às Famílias que tem no seio um doente mental?! O enorme desconhecimento da doença, levou a tratamentos , iguais em forma e dor da loucura, operação em que se faz uma abertura em um osso, especialmente do crânio.
O instrumento usado é um trépano ou seja a trepanação. Pensavam eles assim poder retirar a “pedra da loucura” isto durante a Idade Média, e que segundo os testemunhos escritos sobre ela, consistia na extirpação de uma pedra que causava a loucura do homem. Acreditava-se que os loucos eram aqueles que tinham uma pedra na cabeça. que acreditavam existir nos cérebros dos doentes. O que acontecia de fato é que eram feitas verdadeiras mutilações que exauriam as forças dos doentes e, por vezes, acabavam por deixar os pacientes privados de certos movimentos. Arrazoa-se que, durante o Renascimento, a loucura tinha o poder de impor uma ordem social bem como a capacidade de apontar para um verdade mais esclarecedora e profunda. Isso foi silenciado pela Razão do Esclarecimento. Isto nos diz “Foucault” e o mesmo também contempla o surgimento da sociedade moderna e os tratamentos,"humanitários" para o louco, como por exemplo no caso de Philip Pinel e Samuel Tuke. O tratamento de Tuke consistia em punir os loucos até que eles não mais desenvolvessem sua loucura.
Similarmente, o tratamento de Pinel consistia numa extensa terapia de aversão, o que incluía métodos como banho de água fria e camisa de forças. No entanto outros tratamentos foram experimentados, como; como eletro-choque, a eletroconvulso-terapia, as convulsões induzidas por metrazol, a indução a febre, enfim, as quais nunca foram bem sucedidas. O século XIX, trouxe novas doutrinas de analise e terapia e o aparecimento da psicanálise e a contribuição de Freud, a psiquiatria como um dos braços da medicina pôde avançar em alguns pontos no tratamento da loucura, mas não suficientemente. Freud, com o desenvolvimento da teoria da libido, não conseguiu dar conta do complexo problema da deficiência mental.
Jung então questionou a influência capital do aparelho genésico do desenvolvimento do ser, defendido por Freud. Novas terapias; Clorpromazina (1952) – Inicio do uso de psicofarmacos com eficácia no controle dos sintomas psicóticos (alucinações e delírios), proporcionando uma perspectiva de reintegração dos doentes mentais graves (esquizofrênicos) no seu meio. Antidepressivos tricíclicos (década de 50) – Imipramina, amitriptilina e outros foram os primeiros recursos medicamentosos disponíveis para o tratamento dos transtornos depressivos. Entretanto um grupo grande de pessoas com indicação de tratamento antidepressivo, não os tolerava pelos seus efeitos colaterais (visão turva, boca seca , náusea, alterações cardiovasculares, disfunção sexual entre outros). Fluoxetina (1987) – Ampliou o horizonte de tratamento e pesquisa de novas drogas de Inibição de Recaptação da Serotonina eficazes nos transtornos depressivos e ansiosos. Intitulada inicialmente como a “droga da felicidade”, foi gradualmente sendo identificado melhor as suas possibilidades e limitações. Mas foi um novo divisor de águas no avanço científico das drogas que atuam no sistema serotonérgico. Novos agentes antipsicóticos (década de 90) - O surgimento dos ditos anti psicóticos atípicos, nos últimos 15 anos, representaram um significativo avanço em relação aos anti psicóticos convencionais (por ex: clorpromazina, tioridazida, haloperidol, flufenazine). Já que as novas drogas estão associadas com menor distúrbio motor (efeitos extra-piramidais) e ampliam o seu espectro de eficácia, e o seu uso já se expandiu além do tratamento dos transtornos esquizofrênicos, sendo utilizado nos quadros de demência, transtornos do humor, transtornos de ansiedade, e transtornos do desenvolvimento.
Entretanto estas medicações não são uma pílula mágica, porque além de apresentar efeitos colaterais complicados, como: ganho de peso, diabete mellitus, alteração da função cardíaca. Mas na visão espirita, havendo uma causa existe um efeito, logo, não será pela letargia provocada pelas drogas entorpecentes que a solução passará, entendo que não é esta , nem passará por aqui a reparação dos problemas psíquicos. Realmente, até hoje, as respostas dadas para a doença mental, são apenas opiniões , que não respostas concretas, primeiro porque este tipo de doença , não tem um conceito personalizado, do aparecimento da mesma, porque ela pode vir pela nascença, pode eclodir na idade e pode ter diversos focos de desequilíbrio que não permitem dar respostas concisas acerca da temática. Mas poderão dizer então encontras-te a cura para os problemas psíquicos?!Não, mas sei que existe demasiado apego , à busca material do problema e pouca procura em valores que poderão permitir , no mínimo atenuar o conceito em relação à doença e à forma de encarar mesma. Talvez por lamechices ou por receio de ocupação da sua área de estabilidade, todos os que participam no campo da doença mental, fazem orelhas moucas ao que a Codificação Espirita ditada pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec, isso veio trazer mais claridade, revolucionando e desafiando mesmo os carrilhões da matéria e a essência da pessoa humana, o Espirito, a sua reencarnação, os seus objetivos em cada vivência, a lei de causa e efeito, o pretérito nas causas da vivência atual, bem como presente existencial de acordo com a provação e expiação.
A remanescência detém muitas das respostas para a demência , não alicerça loucos, não estigmatiza o sentimento de culpa, mas oferece meios de libertar os recalcamentos projetados por memorias promiscuas de outras eras, permitindo dessa forma abalizar o arrependimento do espirito, bem como sua evolução nos diversos tramites que ou por compulsão ou por escolha própria se permitiu a adquirir. O acaso não existe , logo, terá sempre que existir, esse foco que representa nada menos que o merecimento de cada Ser, no somatório da coexistência. Toda a génese da doença é de índole espiritual, e todo espirito em seu perispírito traz as marcas , seja esquizofrenia, demência, mongolismo ou outra neurose. Pode inclusive na ativa vivência, proporcionar determinados graus de comportamento que o levem a um estado degenerativo, que inclua essas mesmas, probabilidades, daí a ter sempre que exaurir qualquer situação ao estágio evolutivo e moral de cada Ser. As investigações feitas no hospital Espírita, onde Dr. Mário Sérgio Silveira é adido ele e os pesquisadores têm atribuído o fator "influência espiritual" como causa desencadeante em um grande número de casos de psicose. Os critérios utilizados pela psiquiatria para analisar a psicose, além dos normas da psiquiatria clínica, trabalham com a visão psicodinâmica que a psicanálise nos oferece, numa visão estrutural. 0 inconsciente freudiano é estruturado como a linguagem, opera de acordo com as leis da linguagem, através da metáfora e da metonímia. Nesta perspetiva são três grandes estruturas.
As neuroses, cujo mecanismo característico é o recalcamento, que funda o inconsciente, separando-o da consciência. Seria o armazenamento de todas as memórias passíveis de serem recuperadas. Aquelas que estão disponíveis de forma mais imediata. É o que chamamos pré-consciente, bastando para isso apenas evocá-Las. A segunda estrutura são as perversões, referentes basicamente à questão da escolha do objeto sexual e da identidade sexual, cujo mecanismo é chamado "denegação". E a terceira estrutura psíquica constitui-se do que chamamos genericamente "as psicoses". Isto significa que o sujeito não dispõe do recurso simbólico da linguagem, pelo menos no que diz respeito às questões essenciais, como a sexualidade, a maternidade, paternidade e a morte.
O termo preclusão é emprestado da linguagem jurídica, que significa que uma prova não foi provida em tempo dentro de um processo, ficando, portanto, de fora. Na psicose, o que não foi admitido no simbólico, permanece fora e pode retornar do real na forma de alucinação. Esta é a teoria psicanalítica e tem ainda seu lugar dentre os conhecimentos que devemos considerar na compreensão de algo tão complexo como é o psiquismo humano Notas: (Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 27, páginas 06-11) Entendo ser necessário retirar orgulho, e abraçar a ciência nos vários parâmetros, sem preconceitos, tendo mesmo em conta que uma das provas da Humanidade passa por aí, onde se obriga a tomar consciência de que a união, sem melindre e abraçando todas as áreas de conhecimento, sejam espiritas ou não, possam se abraçar na solução das enfermidades que o Universo detém, e logo por aí estaremos a crescer, quer em moral, e arrepiando caminho para a universalidade da vida, onde valores de amor estejam acima , das filosofias, das cores, ou da religião que se professe. Lembro também que em muitos hospitais na área de psiquiatria, estão muitos irmãos (as), que são vitimas da falta de compreensão do seu problema, assim como em muitos casos se confunde mediunidade ostensiva com loucura…. É importante que se comece a refletir, mas a fazê-lo em conjunto, dando voz à realidade e retirando o preconceito do conceito espiritual. A espiritualidade, não existe para tirar o estatuto médico, mas para lhe dar apoio de forma a que muito mais se possa realizar em prole daqueles que não querendo assumir sua mediunidade, entram no mundo dos letárgicos pela medicação consumida de forma a tentar calar aquilo que não se pode calar, a voz do espirito….
Bibliografia
FOUCAULT, M.J.P. História da loucura na idade clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978. FRANCO, D. P. (Jonna de Ângelis – Espírito). O ser consciente. Salvador: Centro Espírita Caminho da Redenção, 1993. KARDEC, A. Revista Espírita. Sobradinho: Edicel. (1890, 1861, 1863, 1864 e 1865). XAVIER, F.C. (Emmanuel – Espírito). Religião dos Espíritos. XAVIER, F.C. (André Luiz – Espírito). Ação e reação. Rio de Janeiro: FEB, 1996. Allan Kardec; Livros dos Espiritos Allan Kardec; Genese Allan Kardec; Evangelho segundo Espiritismo Notas: (Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 27, páginas 06-11)
Victor Manuel Pereira de Passos

terça-feira, 17 de julho de 2012

Modelo de inconsciente - Jung e o Espiritismo



Dr. Marco Antônio Palmieri, AME-SP

(Folha Espírita, janeiro 2008)
Marco Antonio Palmieri, médico endocrinologista e homeopata, com formação em Psicologia junguiana, considera Carl Jung um indivíduo fantástico, que se interessou pelos aspectos emocionais das doenças mentais numa época em que muito pouco se conhecia a respeito. “Os doentes mentais eram mais estudados por neurologistas do que psiquiatras, eram praticamente excluídos da Medicina! Jung foi um dos que começaram a dar atenção maior ao estudo de fenômenos que aconteciam com pacientes mentais”, revela.
Parceiro de Sigmund Freud no estudo do inconsciente, Jung seguiu caminhos diferentes do colega, o que os levou a romperem em 1912. Freud colocava a energia psíquica como sendo de teor absolutamente sexual. Para ele, todas as alterações que aconteciam na doença mental tinham representatividade libidinosa. Jung entendia que a energia sexual era extremamente importante, mas que outras formas de energias permeavam as doenças mentais.
Jung percorreu um caminho diferente de Freud por conta da sua biografia. Criado por uma mãe espírita, era médium. “Ele escreveu um livro, Memórias, Sonhos e Reflexões, em que encontramos toda fenomenologia mediúnica vivenciada por ele: clariaudiência, clarividência, fenômenos de incorporação, experiências de quase-morte. Sua tese de doutorado foi feita às custas de estudos realizados durante oito anos com uma sobrinha médium, que freqüentava sessões mediúnicas. Infelizmente, ele fez o estudo única e exclusivamente do ponto de vista psicológico e nunca se colocou frontalmente a favor do espírito ou Espiritismo”, explica Palmieri.
Toda a fenomenologia é encontrada em cartas escritas a amigos. “Ele diz, claramente, que o espírito poderia explicar muito melhor situações que o inconsciente não explica. Mas em suas obras formais você não vê essa postura”, afirma.
Folha Espírita – Qual seria o modelo do inconsciente de Jung?
Marco Antonio Palmieri – Para Jung a personalidade como um todo é denominada psique. A psique abrange todos os pensamentos, sentimentos e comportamentos, tanto os conscientes quanto os inconscientes. A psique compõe-se de numerosos sistemas e níveis diversificados, porém interatuantes. Podem-se distinguir três níveis na psique. São eles a consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. A consciência é a única parte da mente conhecida diretamente pelo indivíduo, tendo o “ego” como seu centro de organização.
As experiências que não obtêm a aceitação do ego não desaparecem da psique, mas ficam armazenadas no que Jung denominou inconsciente pessoal. A mente herda as características que determinam de que maneira uma pessoa reagirá às experiências da vida, chegando até a determinar que tipos de experiência terá. A mente do homem é prefigurada pela evolução. Dessa maneira, o indivíduo está preso ao passado, não somente ao passado de sua infância, mas também, o que é ainda mais importante, ao passado da espécie, e, antes disso, à longa cadeia da evolução orgânica. Aí temos o inconsciente coletivo.
FE – Onde Jung coloca essas informações?
Palmieri – Nas “Obras Completas” de Jung encontramos referências à espiritualidade com muita freqüência. Em cartas escritas a amigos e colaboradores igualmente Jung muitas vezes coloca sua posição com relação à espiritualidade e aos espíritos.
FE – Quando falamos do modelo do Jung, podemos dizer que o espírito foi contemplado?
Palmieri – Jung sempre fez questão de descrever o que encontrava em suas vivências e em suas experiências. Ele freqüentou reuniões mediúnicas durante muitos anos e por diversos motivos. Encontramos, sim, referências a situações espirituais e mediúnicas em sua obra. Em Memórias, Sonhos e Reflexões verificamos detalhadamente situações espirituais e mediúnicas vividas por ele mesmo. No entanto, a Psicologia Analítica como um todo não contempla o espírito. Nós, os espíritas que procuramos trabalhar com Psicologia, fazemos associações e aproximações com certa facilidade.
FE – Além de trabalhar com conceito psicológico, o espírita tem uma porta a mais, certo?
Palmieri – Acho que, ao colocarmos os conceitos espíritas, a vivência espírita junto aos conceitos psicológicos, mormente junto à Psicologia Analítica, abre-se um entendimento maior e melhor da sintomatologia mental. Nesse sentido, o espírita tem uma porta a mais.
FE – Jung poderia ter se posicionado mais afirmativamente quanto ao espírito, à comunicação espiritual e à reencarnação, tendo em vista que freqüentou as sessões com a sobrinha e teve uma EQM?
Palmieri – Acho que sim. Há uma carta que ele escreve a um psicanalista alemão na qual afirma que esteve discutindo um caso com outro psicanalista em que crê que somente o inconsciente não explicaria o caso. Afirma concordar que precisaria colocar a presença do espírito naquele caso. Mas essa carta não foi publicada. Falar de Espiritismo naquela época era difícil até para Kardec. Ele poderia passar por louco, ridículo. Ele até fez isso mais para frente, nos seus 70 anos, em muitas conversas, cartas, quando ditou sua biografia. Jung fala dos aspectos espirituais e sobre quanto isso foi importante na Psicologia Analítica.
Memórias, Sonhos e Reflexões, a vida dele, foi escrito quando tinha 80 anos. Ele morreu dois anos depois. No final de sua vida, Jung teve coragem de colocar a espiritualidade como uma coisa importante no desenvolvimento da Psicologia. Conta todas as experiências mediúnicas que teve. Saía no jardim da casa em que morava e conversava com uma entidade com freqüência. Esse fato originou a obra Sete Sermões aos Mortos, que é um livro mediúnico. As evidências do mundo espiritual na vida de Jung são fantásticas.
FE – Você poderia resumir esse modelo de Jung e dizer se ele é utilizado como base de diagnósticos de desequilíbrios espirituais?
Palmieri – No modelo junguiano, têm-se a consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. A consciência é regida por um complexo chamado “ego”, um portal que permite que as coisas se tornem ou não conscientes. O ego é altamente seletivo. Ele permite que o material entre na consciência. Vivências não aceitas pelo ego são armazenadas no inconsciente pessoal. No inconsciente pessoal encontramos os complexos.
O complexo, na verdade, é um agrupamento de experiências, que têm o mesmo teor emocional. Essas experiências, apesar de inconscientes, exercem grande influência sobre vivências atuais. Os espíritas entendem que os complexos são formados na presente encarnação, no entanto existe a possibilidade de armazenarmos complexos de existências passadas. Em obsessão vemos muito isso. Às vezes são complexos de culpa desenvolvidos em existências passadas e é por isso que o obsessor tem acesso ao nosso consciente. Por que esse complexo realmente existe. Não basta ir apenas a uma sessão espírita para afastar o obsessor. É preciso entrar em contato com o inconsciente, buscar a origem dos complexos e, aí sim, resolver.
FE – É preciso, então, buscar um psicanalista?
Palmieri – A busca de um profissional sempre vai ajudar na elucidação e compreensão dos diversos complexos. Se o profissional trabalha junto da religiosidade ou da espiritualidade, tanto melhor.
FE – Então, além da consciência e do inconsciente pessoal, temos o inconsciente coletivo?
Palmieri – Sim, o inconsciente coletivo é um reservatório de imagens latentes, em geral denominadas de “imagens primordiais”. O homem herda tais imagens do passado ancestral, passado que inclui todos os antecessores humanos, bem como os antecessores pré-humanos ou animais. Essas imagens étnicas não são herdadas no sentido de uma pessoa lembrar-se delas conscientemente, ou de ter visões como as dos antepassados. São predisposições ou potencialidades no experimentar e no responder ao mundo tal como os antepassados.
Consideremos, por exemplo, o medo que temos das serpentes ou do escuro. Não nos foi preciso aprender esses medos através de experiências com serpentes ou com a escuridão. Herdamos as predisposições de temer as serpentes e a escuridão porque nossos ancestrais experimentaram tais medos ao longo de um sem-número de gerações. Esses medos nos ficaram gravados no cérebro. Será que nós, os espíritas, não podemos ver no inconsciente coletivo o aspecto reencarnatório?
FE – E as obsessões?
Palmieri – O fenômeno obsessivo tem sido largamente estudado. Nas bases desse fenômeno encontramos complexos (muitas vezes os complexos de culpa) originados na presente existência e outras vezes herdados de existências anteriores. Acredito que a Psicologia Analítica tem muito a acrescentar no entendimento do processo obsessivo.
Experiências de Jung com os espíritos
1897 – Universidade de Basel – Conferência sobre ocultismo e parapsicologia.
1898 – Começou a participar de reuniões espíritas com familiares. Contato com Helene Preiswick – Tese de doutorado: “Acerca da psicologia e patologia dos chamados fenômenos ocultos”.
1912 a 1917 – Crises espirituais – Conhece figuras como Elijah, Salome, Philemon e Ka (considera-as personificações do inconsciente coletivo).
1919 – Sociedade Britânica para a Investigação Psíquica – Conferência: A base psicológica da crença nos espíritos.
1965 – Eventos estranhos na casa – Presença de seres espirituais. Escreve Sete Sermões aos Mortos.
1946 – Carta a Dr. Kunken (psicoterapeuta alemão): “Hoje discuti a respeito da prova de identidade dos espíritos com um amigo de William James, o professor Hyslop. Ele admitiu que esses fenômenos metafísicos poderiam ser melhor explicados pela hipótese dos espíritos que pelas qualidades e peculiaridades do inconsciente. Com base na minha própria experiência, tenho de reconhecer que ele está correto. Em cada caso individual devo ser imparcial, mas tenho de admitir que a hipótese dos espíritos oferece melhores resultados que qualquer outra”.
Na mesma carta, Jung comenta sobre um livro escrito por Steward White. Esse livro é uma coleção de mensagens que o autor recebeu do espírito de sua esposa Betty através de um médium. Após considerar a hipótese de que Betty era a anima do autor, Jung concluiu o seguinte: “Betty se comporta como uma mulher real e não como anima. Isso parece indicar que Betty é ela mesma em vez de anima.
É possível que, com a ajuda de tais critérios, poderemos algum dia ter êxito em estabelecer, ao menos indiretamente, se é um assunto de anima ou é um espírito. Em relação à Betty estou inclinado a assumir que ela é mais provavelmente um espírito que um arquétipo, ainda que pudesse representar ambos ao mesmo tempo. Parece-me que os espíritos tendem a misturar-se com os arquétipos.”