terça-feira, 27 de setembro de 2011

A ABORDAGEM ESPÍRITA DA DEPRESSÃO



O que é, por que e como ela surge.
Médicos e renomados médiuns espíritas ensinam como vencer este mal.

Por Erika Silveira
Um estado de tristeza constante que persiste por mais de quinze dias consecutivos, queda de energia, vontade e interesse; alterações no apetite, sono e desejos sexuais, podem significar os primeiros sintomas de uma crise de depressão. É um problema que atinge um número cada vez maior de pessoas nos tempos atuais, mas como prevenir e combater este mal da vida moderna?

Nesta entrevista, o médico neuropsiquiatra e psicoterapeuta, dr. Franklin Antonio Ribeiro, dirigente do Grupo Espírita Hosana Krikor e membro do Núcleo de Estudos dos Problemas Espirituais e Religiosos (NEPER), do Instituto de Psiquiatria da USP, esclarece quais são seus principais agentes causadores e como a ciência e a doutrina espírita podem trabalhar juntas.

A depressão pode ocorrer em qualquer idade?

Acontece em todas as idades, inclusive na infância. Uma tese apresentada em um congresso de psicanálise em Roma, no ano de 1953, mostrou que a falta de carinho e atenção pode causar depressão. A experiência foi realizada com 165 meninos que conviveram com as mães durante pelo menos seis meses e depois se afastaram por algum motivo. No primeiro mês, os bebês começavam a chorar mais, se tornavam tristes e mantinham distanciamento das pessoas que se aproximavam. No segundo, já não tinham a mesma qualidade no ganho de peso e altura e no terceiro, se as mães não retornassem, passavam a adquirir infecções com maior facilidade. Alguns chegavam a falecer. No caso das mães voltarem, os bebês se curavam da depressão. Isso mostra que o amor é um elemento valioso para tratar o problema.

A depressão pode ocorrer também na adolescência, tendo como sintoma mais comum a irritabilidade, aliás, o número de jovens com depressão vem aumentando devido ao uso exagerado do álcool e das drogas. O álcool é o maior agente depressor de todos. Mexe com o sistema controlador do humor, levando o indivíduo a ter alterações de comportamento. À principio, o álcool desinibe, por isso a maioria das pessoas gosta de beber, só que se houver predisposição genética, pode ocorrer a dependência.

Já na terceira idade, ocorre alteração de memória. O esquecimento exagerado é um sinal no idoso.

Como a depressão é analisada do ponto de vista médico, humanístico e espiritual?

A depressão tem várias faces. Do ponto de vista humanístico, o amor, desde a infância, é fator primordial e começa dentro da família. Se há uma relação sincera entre os parceiros, a criança vai crescer dentro de um lar estruturado, mesmo com todas as dificuldades naturais de uma relação humana. O indivíduo aprende desde cedo a lidar com a insatisfação, com as crises, com o respeito, amizade, desprendimento e outros aspectos importantes nos relacionamentos.

Muitas vezes, se a pessoa está com a auto-estima baixa, sem autoconfiança, desanimada, desinteressada, sem prazer na vida e sente que alguém se interessa por ela, sua imunidade melhora muito. O ser humano precisa se sentir reconhecido. Sem isso, começa a sentir uma sensação de vazio e angústia.

O deprimido tem equívocos em relação ao que pensa sobre si mesmo. O indivíduo não se conforma com aquilo que está podendo ser e o que gostaria de se tornar.

Do ponto de vista médico, a depressão é uma falta de neurotransmissores no cérebro, que necessita de medicamento, ou seja, de um controle químico.

Pelo ângulo espiritual, a culpa, o remorso, a mágoa e o ressentimento levam a pessoa a estados depressivos, podendo causar o desenvolvimento de doenças psicossomáticas e até mesmo câncer. Portanto, o amor e o perdão que a doutrina espírita tanto nos ensina são sentimentos também preventivos.

Quais são os tipos de depressão?

Na depressão primária o indivíduo nasce com falta de neurotransmissores e com doses de remédio e amor a depressão pode ser evitada. Lembramos também que a depressão recebe os fatores genéticos. Estudos com irmãos gêmeos comprovam o fato.

Na secundária, há fatores que podem desencadear a depressão como alguns medicamentos que afetam o humor, períodos pós-cirurgia, pós-parto, pré-menstruais, menopausa, entre outros.

O que fazer diante dos sintomas de uma depressão?

Primeiro procurar um médico psiquiatra para que não sejam tomados remédios ministrados de forma errada.. Cada paciente necessita de um antidepressivo específico. Se além do remédio, da terapia, dos cuidados com o sono, com a alimentação e das relações, o deprimido fizer um tratamento espiritual com passes magnéticos, água fluidificada e leitura do Evangelho, tanto melhor. O tratamento completo engloba o biológico, psicológico, social e espiritual.

Como prevenir?

Se o fator genético for muito forte, pode-se evitar os fatores psicológicos e espirituais. Psicologicamente, podemos ensinar a criança a lidar com a falta das coisas e das pessoas, estabelecendo limites. Educar é frustrar, porque a vida na Terra possui perda, dor, sofrimento e inevitavelmente passaremos por situações assim. Se formos educados desde cedo a enfrentar as situações, estaremos mais bem equipados. Se a cada sofrimento os pais derem um presente, ou de certa forma, satisfizerem o princípio do prazer o tempo inteiro, estarão criando seres inseguros, rebeldes, que aprenderão a ver na matéria a solução para seus problemas. Ao contrário disso, devem ensinar o princípio do perdão, da verdade, sinceridade, respeito, lealdade, companheirismo e diálogo.

A verdadeira prevenção está no autoconhecimento, no amor a si mesmo e ao próximo, tendo consciência de que os seres humanos são como são, e não da forma como gostaríamos que fossem. Só conseguimos compreender o outro, quando nos compreendemos, aprendendo a aceitar, a lidar com a insatisfação. Não há como prevenir depressão senão passarmos por nós mesmos. Deus está dentro de nós, então agradeça a Ele pela vida. Quando o temporal passa, surge um lindo sol.


A MEDITAÇÃO NO COMBATE À DEPRESSÃO

Apesar das técnicas de meditação serem ensinadas pelos orientais há séculos, estão sendo descobertas e utilizadas recentemente pelos ocidentais.

Humberto Pazian, autor do livro Meditação - Um Caminho para a Felicidade, relata em sua obra como os conceitos, técnicas e experiências na prática da meditação podem auxiliar as pessoas a se sentirem mais felizes e realizadas. “Se entendermos que uma perfeita interação entre corpo, mente e espírito, nos fará atingir a verdadeira felicidade e reconhecermos a meditação como um caminho para alcançá-la, só nos faltará um pouco de determinação para criarmos em nossas vidas uma pequena porta para que adentre a Grande Luz”, diz. Existem variados tipos e técnicas para meditarmos, como a meditação zen-budista, hindu etc. A seguir, Pazian esclarece alguns pontos básicos sobre meditação.

O que é meditação e seus principais benefícios?

Existem diversas explicações e sentidos, de acordo com cada escola ou organização de estudos. No meu modo de entender, gosto de dizer que meditar é “estar” com Deus e isso traz paz e harmonia.

Quanto tempo a pessoa necessita para praticar?

Apenas como exemplo, Jesus “estava com Deus” todo o tempo e a sua vida é conhecida de todos nós pela sua grandeza.

Como estamos ainda no início de nossa caminhada evolutiva, alguns minutos pela manhã e pela noite, diariamente, são um excelente começo.

Como a meditação pode ajudar no tratamento da depressão?

A depressão não acontece de um dia para o outro, pois é um processo lento que vai se alojando e desarmonizando nosso ser. A prática da meditação vai trazendo novamente a harmonia e a eliminação do estresse que existe nesses casos, além de servir também como método preventivo.

Existem técnicas certas para meditar?

É só começar a buscar a presença Divina em todo o momento possível e sem dúvida a maneira mais apropriada chegará até você.

Ensine um exercício simples que as pessoas possam praticar se estiverem se sentindo cansadas e desanimadas.

Se possível, a pessoa deve acordar um pouquinho mais cedo do que o habitual, procurar um cantinho sossegado e sentar-se calmamente. Esquecer de tudo; horários, obrigações, tristezas e alegrias e concentre-se na respiração; inspirando e expirando com tranqüilidade. Observe seus pensamentos, mas não se fixe neles. Após um breve período pense em Deus, procurem senti-lo com todo o amor que haja em seu coração e se deixe levar por essa sensação indescritível.

Quais têm sido os benéficos relatados pelas pessoas que leram o livro e passaram a praticar?

São inúmeros casos que nos chegam de pessoas que mudaram suas vidas em vários sentidos após a prática regular da meditação. No meu caso, por exemplo, posso assegurar que para realizar o trabalho espiritual que entendo como minha tarefa, a meditação tem sido fundamental. Não sei se seria possível sem ela.

Como utilizar a prece aliada à meditação no auxílio ao combate à depressão?

Orar pedindo, acreditando na melhora, meditar com amor e fazer por merecer a cura buscando no Evangelho o caminho a seguir.

Deixe-nos uma mensagem.

Num estado crônico de depressão é sempre importante procurar o auxílio de um profissional, seja médico ou terapeuta habilitado, além da ajuda espiritual. Porque como foi dito, o quadro depressivo não surge de um momento para o outro e a meditação - que é o nosso desejo de “estarmos com Deus” - tem sido um excelente método preventivo, não só contra a depressão, mas contra todos os males que surgem ou atingem nossos espíritos.


DEPRESSÃO

Joanna de angelis / Divaldo Pereira Franco
Mensagem extraída da obra Receitas de Paz


A depressão tem a sua gênese no espírito, que reencarna com alta dose de culpa, quando renteando no processo da evolução sob fatores negativos que lhe assinalam a marcha e de que não se resolveu por liberar-se em definitivo. Com a consciência culpada, sofrendo os gravames que lhe dilaceram a alegria íntima, imprime nas células os elementos que as desconectam, propiciando, em largo prazo, o desencadeamento dessa psicose que domina uma centena de milhões de criaturas na atualidade. Se desejarmos examinar as causas psicológicas, genéticas e orgânicas, bem estudadas pelas ciências que se encarregam de penetrar o problema, temos que levar em conta o espírito imortal, gerador dos quadros emocionais e físicos de que necessita, para crescer na direção de Deus.

A depressão instala-se, a pouco e pouco, porque as correntes psíquicas desconexas que a desencadeiam, desarticulam, vagarosamente, o equilíbrio mental.

Quando irrompe, exteriorizando-se, dominadora, suas raízes estão fixadas nos painéis da alma rebelde ou receosa de prosseguir nos compromissos redentores abraçados. Face as suas cáusticas manifestações, a terapia de emergência faz-se omprescindível, embora, os métodos acadêmicos vigente, pura e simplesmente, não sejam suficientes para erradicá-la. Permanecendo as ocorrências psicossociais, sócio-econômicas, psico-afetivas, que produzem a ansiedade, certamente se repetirão os distúrbios no comportamento do indivíduo conduzindo a novos estados depressivos.

Abre-te ao amor e combaterás as ocorrências depressivas, movimentando-te em paz na área da afetividade com o pensamento em Deus.

Evita a hora vazia e resguarda-te da sofreguidão pelo excesso de trabalho. Adestra-te, mentalmente, na resignação diante do que te ocorra de desagradável e não possas mudar.

Quando sitiado pela idéia depressiva alarga o campo de raciocínio e combate o pensamento pessimista. Açodado pelas reminiscências perniciosas, de contornos imprecisos, sobrepõe as aspirações da luta e age, vencendo o cansaço.

Quem se habilita na ação bem conduzida e dirige o raciocínio com equilíbrio, não tomba nas redes bem urdidas da depressão. Toda vez que uma idéia prejudicial intentar espraiar-se nas telas do pensamento obnubilando-te a razão, recorre à prece e a polivalência de conceitos, impedindo-lhe a fixação.

Agradecendo a Deus a benção do renascimento na carne, conscientiza-te da sua utilidade e significação superior, combatendo os receios do passado espiritual, os mecanis mos inconscientes de culpa, e produze com alegria. Recebendo ou não tratamento especializado sob a orientação de algum facultativo, aprofunda a terapia espiritual e reage, compreendendo que todos os males que infelicitam o homem procedem do espírito que ele é, no qual se encontram estruturadas as conquistas e as quedas, no largo mecanismo da evolução inevitável.



TRISTEZA
Irmão José / Carlos A. Baccelli
Mensagem extraída do livro Lições da Vida


Não permitamos que a triste nos mergulhe na depressão.

A apatia é abismo profundo do sairemos apenas à custa de muito esforço.

Não nos entreguemos, inermes, aos problemas que nos rodeiam, ensimesmados na tristeza.

Os que se rendem ao desanimo transformam-se em pacientes psiquiátricos, vitimados por estranha anemia de ordem moral.

Quando sentirmos que a tristeza insiste em se demorar conosco, ocupemos as nossas mãos e a nossa mente no serviço do bem. deixemos a poltrona do comodismo e desintoxiquemo-nos no suor da caridade.

Se abatidos espiritualmente no reconhecimento das próprias imperfeições, sintamo-nos incentivados à luta, ao invés de admitirmos a derrota.

Reajamos contra a melancolia, sacudindo o seu jugo de nossos ombros.

Reparemos que em nossos caminhos, de fato, “as bênçãos são muito mais numerosas do que as dores”. Observemos os exemplos de quantos se encontram lutando com limitações maiores que as nossas, sem que lhes escutemos uma reclamação sequer. No livro dos Provérbios, cap. 17, v. 22, está escrito: “O coração alegre é como o bom remédio, mas o espírito abatido seca até os ossos”.

(Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 24, paginas 06-10)

Nostalgia e Depressão



As síndromes de infelicidade cultivada tornam-se estados patológicos mais profundos de nostalgia, que induzem à depressão. 
O ser humano tem necessidade de auto-expressão, e isso somente é possível quando se sente livre. 
Vitimado pela insegurança e pelo arrependimento, torna-se joguete da nostalgia e da depressão, perdendo a 
liberdade de movimentos, de ação e de aspiração, face ao estado sombrio em que se homizia. 
A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes, que não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser. lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual. 
Toda perda de bens e de dádivas de prazer, de júbilos, que já não retornam, produzem estados nostálgicos. Não obstante, essa apresentação inicial é saudável, porque expressa equilíbrio, oscilar das emoções dentro de parâmetros perfeitamente naturais. Quando porém, se incorpora ao dia-a-dia, gerando tristeza e pessimismo, torna-se distúrbio que se agrava na razão direta em que reincide no comportamento emocional. 
A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico. 
Esse deperecimento emocional, fez-se também corporal, já que se entrelaçam os fenômenos físicos e psicológicos. 
A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em si mesmo, nas demais pessoas e em Deus... Os postulados religiosos não conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as reações aflitivas do organismo físico. Não se acreditar capaz de reagir ao estado crepuscular, caracteriza a gravidade do transtorno emocional. 
Tenha-se em mente um instrumento qualquer. Quando harmonizado, com as peças ajustadas, produz, sendo 
utilizado com precisão na função que lhe diz respeito. Quando apresenta qualquer irregularidade mecânica, perde a qualidade operacional. Se a deficiência é grave, apresentando-se em alguma peça relevante, para nada mais serve. 
Do mesmo modo, a depressão tem a sua repercussão orgânica ou vice-versa. Um equipamento desorganizado não pode produzir como seria de desejar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emocionais irregulares, tanto quanto esses produzem sensações e enarmonias perturbadoras na conduta psicológica. 
No seu início, a depressão se apresenta como desinteresse pelas coisas e pessoas que antes tinham sentido 
existencial, atividades que estimulavam à luta, realizações que eram motivadoras para o sentido da vida. 
À medida que se agrava, a alienação faz que o paciente se encontre em um lugar onde não está a sua realidade. 
Poderá deter-se em qualquer situação sem que participe da ocorrência, olhar distante e a mente sem ação, fixada na própria compaixão, na descrença da recuperação da saúde. Normalmente, porém, a grande maioria de depressivos pode conservar a rotina da vida, embora sob expressivo esforço, acreditando-se incapaz de resistir à situação vexatória, desagradável, por muito tempo. 
Num estado saudável, o indivíduo sente-se bem, experimentando também dor, tristeza, nostalgia, ansiedade, já que esse oscilar da normalidade é característica dela mesma. Todavia, quando tais ocorrências produzem infelicidade, apresentando-se como verdadeiras desgraças, eis que a depressão se está fixando, tomando corpo lentamente, em forma de reação ao mundo e a todos os seus elementos. 
A doença emocional, desse modo, apresenta-se em ambos os níveis da personalidade humana: corpo e mente. 
O som provém do instrumento. O que ao segundo afeta, reflete-se no primeiro, na sua qualidade de 
exteriorização. 
Idéias demoradamente recalcadas, que se negam a externar-se - tristezas, incertezas, medos, ciúmes, ansiedades - contribuem para estados nostálgicos e depressões, que somente podem ser resolvidos, à medida que sejam liberados, deixando a área psicológica em que se refugiam e libertando-a da carga emocional perturbadora. 
Toda castração, toda repressão produz efeitos devastadores no comportamento emocional, dando campo à instalação de desordens da personalidade, dentre as quais se destaca a depressão. 
É imprescindível, portanto, que o paciente entre em contato com o seu conflito, que o libere, desse modo 
superando o estado depressivo. 
Noutras vezes, a perda dos sentimentos, a fuga para uma aparência indiferente diante das desgraças próprias ou alheias, um falso estoicismo contribuem para que o fechar-se em si mesmo, se transforme em um permanente estado de depressão, por negar-se a amar, embora reclamando da falta de amor dos outros. 
Diante de alguém que realmente se interesse pelo seu problema, o paciente pode experimentar uma explosão de lágrimas, todavia, se não estiver interessado profundamente em desembaraçar-se da couraça retentiva, fechando-se outra vez para prosseguir na atitude estóica em que se apraz, negando o mundo e as ocorrências desagradáveis, permanecerá ilhado no transtorno depressivo. 
Nem sempre a depressão se expressará de forma autodestrutiva, mas com estado de coração pesado ou preso, disfarçando o esforço que se faz para a rotina cotidiana, ante as correntes que prostram no leito e ali retêm. 
Para que se logre prosseguir, é comum ao paciente a adoção de uma atitude de rigidez, de determinação e desinteresse pela sua vida interna, afivelando uma máscara ao rosto, que se apresenta patibular, e podem ser percebidas no corpo essas decisões em forma de rigidez, falta de movimentos harmônicos... 
Ainda podemos relacionar como psicogênese de alguns estados depressivos com impulsos suicidas, a conclusão a que o indivíduo chega, considerando-se um fracasso na sua condição, masculina ou feminina, determinando-se por não continuar a existência. A situação se torna mais grave, quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão autopunitiva dá gênese a estado depressivo com indução ao suicídio. 
Esse sentimento de fracasso, de impossibilidade de êxito pode, também, originar-se em alguma agressão ou 
rejeição na infância, por parte do pai ou da mãe, criando uma negação pelo corpo ou por si mesmo, e, quando de causa sexual, perturbando completamente o amadurecimento e a expressão da libido. 
Nesse capítulo, anotamos a forte incidência de fenômenos obsessivos, que podem desencadear o processo depressivo, abrindo espaço para o suicídio, ou se fixando, a partir do transtorno psicótico, direcionando o paciente para a etapa trágica da autodestruição. 
Seja, porém, qual for a gênese desses distúrbios, é de relevante importância para o enfermo considerar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem autocomiseração, nem autopunição para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos. 
O encontro com a consciência, através de avaliação das possibilidades que se desenham para o ser, no seu 
processo evolutivo, tem valor primacial, porque liberta-o da fixação da idéia depressiva, da autocompaixão, 
facultando campo para a renovação mental e a ação construtora. 
Sem dúvida, uma bem orientada disciplina de movimentos corporais, revitalizando os anéis e proporcionando estímulos físicos, contribui de forma valiosa para a libertação dos miasmas que intoxicam os centros de força. 
Naturalmente, quando o processo se instala - nostalgia que conduz à depressão - a terapia bioenergética (Reich, commo também a espírita), a logoterapia (Viktor Frankl), ou conforme se apresentem as síndromes, o concurso do psicoterapeuta especializado, bem como de um grupo de ajuda, se fazem indispensáveis. 
A eleição do recurso terapêutico deve ser feita pelo paciente, se dispuser da necessária lucidez para tanto, ou a dos familiares, com melhor juízo, a fim de evitar danos compreensíveis, os quais, ocorrendo, geram mais 
complexidades e dificuldades de recuperação. 
Seja, no entanto, qual for a problemática nessa área, a criação de uma psicosfera saudável em torno do paciente, a mudança de fatores psicossociais no lar e mesmo no ambiente de trabalho constituem valiosos recursos para a reconquista da saúde mental e emocional. 
O homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o autocrescimento, para a aquisição das paisagens emocionais. 

Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco

CONTRIBUIÇÃO ESPÍRITA AO TRANSTORNO BIPOLAR



(matéria publicada na Folha Espírita em agosto de 2006)
Dr. Luiz Antônio de Paiva é médico psiquiatra e vice-presidente da Associação Médico-Espírita de Goiás

O transtorno bipolar é uma doença funcional do cérebro relacionada aos neurotransmissores cerebrais, que provoca oscilações imprevisíveis do humor, que vai da depressão aos estados mais elevados, chamados de hipomania ou mania.
Afetando em torno de 1% da população, distribuído igualmente entre homens e mulheres, o TB (transtorno bipolar) permanece como crônico em 1/3 dos acometidos, perdurando por toda vida. Surge geralmente na terceira década de vida e os sintomas depressivos predominam na maior parte do tempo.
Conquanto receba o nome de transtorno bipolar do humor, ele tem subespécies em que só se manifesta a mania ou a depressão ou estados mistos de mania e depressão, em que predomina a irritabilidade. Comumente, quando se apresenta com o predomínio dos sintomas depressivos é mal diagnosticado como depressão maior e tratado erroneamente com antidepressivos somente, o que piora o quadro.
Por isso, o diagnóstico deve ser feito por profissional qualificado, após exame clínico acurado e colhida história detalhada da enfermidade e sua evolução.
Sabe-se que o transtorno funcional dos neurotransmissores como noradrenalina, serotonina e dopamina desempenham papel fundamental na doença, e estudos mostram uma base genética também, pois incide mais freqüentemente em algumas famílias.
Conquanto existam os fatores predisponentes, há também as situações desencadeantes, geralmente associadas ao estresse ambiental ou uso e abuso de substâncias psicotrópicas, legais e ilegais.
Pelo que você pode observar, até agora analisamos apenas os fatores biológicos e ambientais, ficando uma lacuna nos aspectos psíquicos e espirituais. Há fatores intrapsíquicos, como a estrutura de personalidade, que joga como um fator de facilitação para a emersão do estado patológico.
Aqui, de igual forma, torna-se impossível separar os fatores espirituais, cármicos, dos fatores psíquicos, pois ambos procedem de uma mesma fonte, qual seja, o espírito imortal.
Torna-se vital avaliarmos o papel que desempenha o cérebro e o corpo físico como um todo no processo da evolução espiritual. O cérebro e o sistema endócrino-humoral são um grande sistema cibernético ou computadorizado, de natureza analógica e não digital, isto é, responde às gradações de forma gradual e não pelo tudo ou nada. Isso faculta ao cérebro ser um meio modulador dos impulsos mentais advindos do espírito, atenuando-os ou potencializando-os, conforme as necessidades adaptativas ou educativas da interação espírito-matéria.
Assim sendo, as tendências patológicas agem como um alarme, fazendo o espírito automodular-se nas tendências e paixões. É a própria Lei de Causa e Efeito a serviço da educação, finalidade maior de sua existência no grande plano pedagógico de Deus.
À guisa de metáfora, seria como um mau motorista que, notório abusador dos recursos do veículo, desgastando-o prematuramente no descontrole da velocidade e nas frenagens, arriscando-se e levando riscos aos outros, recebesse como parte do seu processo reeducativo um veículo com deficiência nos freios, obrigando-o a restringir a velocidade e a utilizar marchas adequadas, de modo a lhe permitir o devido controle no direcionamento veicular.
Assim, podemos melhor compreender a injunção cármica dos transtornos mentais como um todo, que servem de recursos retificadores dos trânsfugas espirituais que, destarte, corrigem em si mesmos os desvios das paixões alucinantes, do suicídio direto e indireto, dos abusos da inteligência e de outras formas de viciação e alienação do espírito.
No âmbito do tratamento, embora a própria enfermidade seja em si mesma uma forma de cura da causa original do problema, a providência divina concedeu à medicina humana os meios paliativos e mesmo efetivos de controlar, digamos, o descontrole. No caso do transtorno bipolar temos uma imensa gama de substâncias chamadas de estabilizadores do humor que se utilizam no tratamento de crise e no de longo prazo dessa devastadora doença.
Sob o ponto de vista espiritual, strictu sensu, a reforma íntima, a vigilância e a oração, o propósito no bem, as ações beneficentes constituem-se na melhor profilaxia e tratamento. Não raro, os portadores de TB trazem um séquito de cobradores do passado que podem vir a ser soezes obsessores, complicando um quadro já em si complexo e difícil. O transtorno bipolar do humor parece ser um facilitador da manifestação de faculdades mediúnicas, o que junto às afinidades espirituais do passado e os seus compromissos, vulnerabilizam sobremaneira o enfermo, que se torna assim presa fácil de múltiplos fatores alienantes. É desnecessário dizer que a utilização da terapêutica espírita é de grande valia, se acompanhada do devido esforço regenerativo por parte do doente.

PSICOSE E REENCARNAÇÃO

Cartões de crédito cancelados, cheques sem fundo a serem cobertos, explicações devidas no trabalho, desculpas a serem pedidas, lembranças intermitentes ( O que foi que eu fiz? ), amizades cortadas ou esvaziadas, um casamento terminado. E sempre: Quando isso vai acontecer de novo?. Quais dos meus sentimentos são reais? Qual dos meus 'eus' sou eu? O selvagem, o impulsivo, o caótico, o vigoroso e o amalucado? Ou o tímido, retraído, desesperado, suicida, cansado e fadado ao insucesso?"

O relato é de Kay Redfield, dentre Episódios da Doença Maníaco-Depressiva catedrático de Medicina em universidades norte-americanas e autoridade mundial nos Transtornos Afetivos. 

Quando buscamos uma compreensão clara das doenças mentais, esbarramos num cipoal de definições de difícil consenso que reportam-nos à fala de Viana de Carvalho: 

"Em face da complexidade e multiplicidade de tais desvios; uma classificação exata dos fenômenos psicóticos é sempre difícil ... "
E o doente mental? Seguramente, como todos nós, é um transgressor das Leis Divinas, "doido", padecente de "dores mentais superlativas". 

No presente trabalho, visamos à integração dos conhecimentos científicos às valiosas contribuições da Doutrina Espírita, buscando uma visão mais dilatada do caminho complexo das "psicoses". 

"Transtornos" que são efeitos de causas incitas nesta e noutras existências, concluímos que a Lei de Ação e Reação age em sintonia com as Leis de Justiça que regem a vida universal, expressando-se na sua sintomatologia complexa e múltipla. 

A reencarnação lança novas luzes à nosologia e ao diagnóstico das doenças mentais, em especial dos "transtornos psicóticos", e as terapêuticas convencionais, aliadas à abordagem espírita, ampliam as possibilidades de tratamento das doenças mentais mais severas, limitantes e freqüentemente incapacitantes, dos relacionamentos interpessoais, da vida proofissional e das relações sociais. 

1 - CONCEITUAÇÃO DAS PSICOSES 

·"Doenças mentais de desestruturação profunda do pensaamento, podendo levar a alterações afetivas, cognitivas, de sennso-percepção, do juízo crítico da realidade, dispondo à perturrbação nas relações interpessoais e do comportamento". Oaspers)
·"0 significado tradicional do termo 'psicótico' enfatiza a perda do teste da realidade e o prejuízo do funcionamento mental - manifestado por delírios, alucinações, confusão e preejuízo da memória, desenvolvendo-se durante os últimos 30 anos, na utilização psiquiátrica comum, como sinônimo de graave prejuízo no funcionamento social e pessoal, com retraimennto social e incapacidade para desempenhar papéis ocupacionais domésticos e habituais. O grau de regressão do ego é usado também como critério para a 'doença psic6tica' C .. ) Devido a seus múltiplos significados, o termo perdeu a sua precisão clíínica nas pesquisas atuais". (Do livro: Porque Adoecemos, pág. 86, P edição). 

2 - A VISÃO ESPÍRITA 

Segundo o dr. Jorge Andréa, em Visão Espírita das Distonias Mentais: "As psicoses representariam os mais severos quadros das doenças mentais, com multiplicidade sintomática, quase sempre associadas em compilações psicológicas, de modo a traduzir graves e profundas lesões psíquicas(. .. ) São autênticas doenças da alma ou Espírito, em severas respostas cármicas, quase sempre demarcando toda a jornada carnaIC .. ) Os sintoomas, por não terem o devido esgotamento no campo do exausstor físico (personalidade), perduram e refletem-se em outra reencarnatóriaC .. ) Percebemos que estas energias mórbidas que necessitam obviamente de drenagem adequadas, exigem o conncurso de várias reencarnações para o seu escoadouro.

O doente mental sob a ótica espírita é seguramente um transgressor dos códigos çlas Leis Divinas e as desarmonias que se expressam nos sintomas psicóticos são respostas cármicas, efeitos de causas pregressas que exigem reabilitação compulsória. .

3 - CLASSIFICAÇÃO DOS QUADROS PSICÓTICOS

No livro Porque Adoecemos, o psiquiatra Roberto Lúcio Vieira de Souza propõe um quadro baseado no DMS - III (Maanual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, da Associação Psiquiátrica Americana, ao qual introduzimos alguumas adaptações, baseadas no CID-10 - classificação de transstornos mentais e de comportamento). O termo "transtorno" exxclui o uso de "doença" ou "enfermidade" e é usada aqui para indicar um conjunto de sintomas clinicamente associados, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais
.
Assim, a tradicional dicotomia neurótico - psicótico, que sustentava a antiga classificação das "perturbações mentais" desaparece. 

Transtornos Orgânicos Psicóticos: 

• Transtornos orgânicos psicóticos senis e pré-senis (demênncia). Ex.: Doença de Alzheimer (pode ter início precoce; maior incidência dos 65 aos 70 anos) . 

• Transtornos psicóticos decorrentes do uso do álcool. .Transtornos psic6ticos decorrentes do uso de outras subsstâncias psicoativas (drogas: opióides, canabióides, cocaína, aluucinógenos etc.). 

• Transtornos orgânicos psicóticos transitórios (distúrbios metabólicos, hipertireoidismo, febres, infecções). 

• Transtornos psic6ticos decorrentes de doenças, lesões e disfunções cerebrais ("crônicas": Lesões do SNC, 'ICE, disfunções cerebrais várias etc.). 

• Transtornos psicóticos orgânicos ou sintomáticos não esspecificados. 

• Transtornos psicóticos não atribuídos a condições físicas catalogadas anteriormente. 

• Esquizofrenia (paranóia: delirante; hebefrênica - início entre 15 e 17 anos; catatônica - alterações psicomotoras; simmples).
• Transtornos de humor (Episódio-maníaco, Episódio Depressivo, Transtorno Bipolar). 

• Transtornos delirantes (exclui Esquizofrenia paranóide, quadros orgânicos ou transtornos de humor). 

- Persecutórios: Ex.: Todos riem à sua custa; é uma vítima de tramas etc. 

- Hipocondríacos: seu corpo exala mal cheiro. 

- Grandeza, Megalomaníacos: Ex.: Deus lhe ensinou a cura do câncer. 

Diferem da Esquizofrenia paranóide porque, excetuando os delírios, o seu pensamento permanece sistematizado e lógico.
• Transtornos psicóticos com origem específica na infância (no CID 10 em Transtornos do Desenvolvimento Psicológico). Ex.: Autismo infantil; psicoses infantis, algumas síndromes, demência infantil. 

(Baseado em: Porque Adoecemos e CID 10 - Classificação dos Transtornos Mentais de Comportamento). 

4 - ABORDAGEM ESPÍRITA DOS TRANSTORNOS PSICÓTICOS 

Quando abordamos a nosologia sob o enfoque da Doutrina Espírita, lidamos com hipóteses sustentadas pela visão científica, pelas observações clínicas e, ainda, pela valiosa contribuição dos autores espirituais. Não queremos fechar a questão, mas antes abrir o nosso campo de observação, buscando auxiliarmos mais seguramente e, sustentados no paradigma espírita, ampliarmos nossa compreensão para melhor auxiliarmos. 

Os sintomas delirantes são explicados por Manoel Philomeno de Miranda, "sugerindo-nos" uma nosologia sob o enfoque espiritual: "O delito, que fica ignorado das demais pessoas, é conhecido do delinqüente, que o vitaliza com permanentes construções psíquicas, nas quais mais o oculta, destruindo a polivalência das idéias, que terminam por sintetizar-se numa fixação mórbida, que lentamente empareda o seu autor. Passam desconhecidos pelo mundo, esses gravames, que o eu consciente sepulta nos depósitos de memória profunda, ali permanecendo em gérmen, que irradia ondas destruidoras, envolvendo o criminoso ( ... ) 

Irrompem como 'depressões graves' ou como 'complexos de culpa', com fundamento real para eles mesmos, que se tornam desconfiados, acreditando-se perseguidos e fazendo quadros de torpes alienações, caindo nas malhas da loucura, ou nos abismos do suicídio, artifícios que buscam para aniquilar os dramas tormentosos que os esfacelam interiormente. As cenas hediondas que fixaram, retornam, implacáveis, cada vez mais nítidas, sem que quaisquer novas paisagens se lhes sobreponham ... " (Loucura e Obsessão, pág. 84) 

O autor espiritual, ampliando a compreensão da doença mental, deixa-nos aberto o caminho para adentrarmos nos profundos meandros dessas distonias. 

Outra hipótese sugestiva para a compreensão dos quadros psicóticos, nos é trazida pelo psiquiatra Jaider Rodrigues de Paulo em Porque Adoecemos e por achá-la lógica e esclarecedora passamos a examiná-la. 

A - Psicoses orgânicas e sintomáticas - organomentais: 

- Crescimento de uma lesão orgânica no cérebro resultando em massa tumoral; atrofia da massa encefálica com alterações do SNC, os TCE. (traumatismos crânio-encefálico); qualquer perturbação do SNC por lesão levando a alterações mentais. 

Não havendo negligência do indivíduo (imprudência), conduta irresponsável sugere que é problema cármico. 

- Impregnação do SNC por substâncias tóxicas (drogas, venenos, outros). Geralmente desaparecem os sintomas cessando a causa desencadeante. 

Se permanecem após a cessação da causa ou após curto período de utilização, há provável adoecimento por predisposição mórbida. (Ex.: Psicoses esquizofrênicas desencadeadas por drogas). 

- Oligofrenia - deficiência mental- com comprometimentos da massa encefálica. 

Pessoas inteligentes que lesaram seu patrimônio mental pelo mal uso dos atributos psíquicos. 

B - Psicoses senis - demências. 

Os de conduta exemplar, de vida regular, sem excessos, trata-se do provável fim de débito cármico.
Os usuários de drogas, alcoolistas e excessos de toda ordem, débito cármico em andamento.
C - Psicoses onde não predomina organicidade:
"Aqui o agente causal está no Perispírito, pois o corpo físico é modelado por ele ( ... ) A lesão encontra-se em outras dimensões da vida,. .. ) em elementos mais profundos, em especial no corpo mental ( ... ) "
- Esquizofrenia - segundo o dr. Jaider, o esquizofrênico genuíno deve portar lesão no corpo mental, de maneira que mesmo no plano espiritual esteja esquizofrenizado.
O dr. Bezerra de Menezes faz as seguintes considerações sobre a esquizofrenia:
"O esquizofrênico ( ... ) não tem destruída a afetividade, nem os sentimentos; somente os mesmos sofrem dificuldades para ser exteriorizados, em razão dos profundos conflitos conscienciais, que são resíduos das culpas passadas. E porque o Espírito se sente devedor, não se esforça pela recuperação, ou teme-a, a fim de não enfrentar os desafetos, o que lhe parece a pior maneira de sofrer do que aquela em que se encontra. Nesses casos, pode-se dizer, ( ... ) que a esquizofrenia se encontra no paciente, de forma latente, pois que, acentuamos, é-lhe imposta desde antes da concepção fetal."
"Rigidez, desagregação do pensamento, idéias delirantes, incoerência, são algumas alterações do comportamento esquizofrênico, originadas nos recessos do Espírito que, mediiante a aparelhagem fragmentada, se expressa em descontrole, avançando para a demência, passando antes pela fase das alucinações, quando reencontra os seus perseguidores espirituais que ora vêm ao desforço. Sejam, portanto, quais forem os fatores que propiciam a instalação da esquizofrenia, ( ... ) o que desejamos é demonstrar que o Espírito culpado é o responsável pela alienação que padece no corpo, sendo as suas causas atuais conseqüências diretas ou não do passado."
"Afetando o equilíbrio da energia espiritual que constitui o ser eterno, a consciência individual imprime, nas engrenagens do perispírito, os remorsos e turbações, os recalques e conflitos que perturbarão os centros do sistema nervoso e cerebral, (. .. ) mediante altas cargas de emoção descontrolada, que lhe danificam o complexo orgânico e emocional."
"Noutras vezes, desejando fugir à sanha dos inimigos, o Espírito busca o corpo como um refúgio, no qual se esconde, bloqueando os centros da lucidez e da afetividade, que respondem como indiferença e insensibilidade no paciente de tal natureza." (FRANCO, Divaldo P; MlRANDA, Manuel P. Loucuras e Obsessão)
- O esquizofrênico não tem destruída a afetividade e nem os sentimentos. Tem a dificuldade de exteriorizá-los devido a conflitos conscienciais, resíduos das culpas passadas (esquizofrenia latente) .
- Rigidez, desagregação do pensamento, idéias delirantes, incoerência têm origem nos recessos do Espírito.
- Alucinações reencontro com os perseguidores espirituais. "O Espírito culpado é o responsável pela alienação que padece."
- Fuga da sanha dos inimigos (o corpo é utilizado como um refúgio). Bloqueia os centros da lucidez e afetividade; reage com indiferença e insensibilidade.
- Psicopatas (distúrbios de caráter): imediatistas, primitivos nas emoções, rebeldia que se expressa na revolta, cruéis, irresponsáveis, com pouca consciência moral reflexiva; egoísmo extravagante. (André Luiz em No Mundo Maior: Perversidade é Loucura. Em Mecanismos da Mediunidade: " ... esses indivíduos vêm diretamente do Umbral para a reencarnação")
- Psicoses leves ou limítrofes: Apresentam distúrbios compatíveis com quadro psicótico, mas guardam certa lucidez. Podem estar em fase final de desequilíbrio do corpo mental ou no início de desestruturação da mente.
- Autistas: O dr. Bezerra em Loucura e Obsessão elucida: " ... Espíritos há que buscaram, na alienação mental através do autismo, fugir às suas vítimas e apagar as lembranças que os acicatam, produzindo um mundo interior agitado ante uma exteriorização apática, quase sem vida. O modelador biológico imprime, automaticamente, nas delicadas engrenagens do cérebro e do sistema nervoso, o de que necessita para progredir: asas para a liberdade ou presídio para a reeducação".
Alienação mental indica fuga das vítimas do passado culposo. A exteriorização é apática, quase sem vida.
- Obsessão: No livro: A Loucura sob Novo Prisma, esclarece-nos o dr. Bezerra acerca de loucura por obsessão espirítica: " ... Embora a loucura por obsessão não dependa de lesão cerebral, pode esta lesão vir a dar-se por causa da obsessão ( ... ). A lesão não é causa, mas pode vir a ser efeito. A ação fluídica do obsessor sobre o cérebro, se não for removida a tempo, dará necessariamente, em resultado, o sofrimento orgânico daquela víscera, mais profundo, quanto mais tempo estiver sob a influência deletéria daqueles fluidos".
5 - TRATAMENTO E CONCLUSÕES
"As exulcerações da alma são de gênese profunda, em conseqüências doridas no seu processo de cicatrização( ... ) Cristalizações de longo período, no inconsciente, não podem ser arrrancadas em algumas palavras e induções psicológicas de breve duração ( ... ) Além dos muitos cuidados exigíveis, o tempo é fator de alto significado, para os resultados salutares que se desejem alcançar."
É importante observar que o diagnóstico bem direcionado é fundamental à orientação das medidas terapêuticas adequadas. Inúmeras condições orgânicas podem simular sintomas psicóticos. O hiper e o hipotiroidismo, por exemplo, podem gerar sintomas semelhantes aos transtornos do humor.
As terapêuticas utilizadas nos transtornos psicóticos situam-se em diferentes níveis de profundidade quanto à sua atuação:

• Medicamentosas: louvamos os esforços médicos na terapêutica medicamentosa que, em muitos casos, alivia os sintomas, mas não pode acessar as causas reais, que residem na consciência culpada. Todavia, alivia a constrição mental, oferecendo ao indivíduo condições de "pensar e sentir-se desembaraçado".
• Psicoterapias: individual, familiar, grupal e terapia ocupacional - sempre que possível auxiliar o doente mental a recuperar os princípios nobres, os estímulos à mudança e à auto-corrigenda.
• Terapêutica espírita: somente uma terapêutica de profundidade é capaz de acessar pacientemente as delicadas tessituras do modelo organizador biológico, restaurando o seu equilíbrio danificado, que se expressa nos transtornos mentais de natureza orgânica, não-orgânica e obsessiva, a terapêutica do Espírito eterno.
6 - CONCLUSÃO
A vontade, a gerente esclarecedora e vigilante da vida menntal, a grande propulsora, a força motriz do Universo, é a impulsionadora à autocura. Acionando-a, rumamos à saúde plena.
Jesus convida-nos a sair das nossas "paralisias" e caminhar ao encontro da saúde integral na figura simbólica do paralítico do lago de Betesta. Ele diz: "Vai, toma da tua cama e anda ... " Concluindo com Calderaro, em No Mundo Maior: "Em nossso campo de observação mais clara, podemos adir que todo desequilíbrio promana do afastamento da Lei".
Rosemeire Simões - Saúde e Espiritismo=A.M.E.