terça-feira, 9 de novembro de 2010

O CIÚME



O ciúme está envolvido com as nossas encarnações passadas e talvez seja uma perda muito grande que tivemos e por não querer perder de novo, vivemos inseguros achando que perderemos de novo assim como no passado. É como se fosse uma auto-defesa, uma tentativa de bloqueio a perdas futuras.

Talvez seja até alguma pessoa muito querida nossa que fugiu ou partiu com outro e por isso reencarnamos inseguros de tudo e de todos. Pode ser o caso de que estes ciumentos incontroláveis possam ter sidos suicidas que para não ficarem sozinhos e abandonados se suicidaram e agora tem que passar por tudo de novo para mostrar que estão recuperados.

O ciúme com certeza tem a ver com encarnações passadas e com grandes perdas e muita mágoa, porque hoje vemos que os ciumentos incontroláveis sofrem muito com uma simples "possibilidade" de perda, mesmo que seja coisa de sua mente, eles sofrem com essa situação, os ciumentos não agem assim por prazer por querer dominar, é uma coisa muito forte e pra eles é uma atitude muito correta e justa.

Lembrando que existe o ciumento movido pelo egoísmo, que não tem só ciúmes de pessoas, mas de objetos também e de tudo que outras pessoas possam vir a ter também. E tem os ciumentos que só sentem isso por determinada pessoa, como se fosse uma obsessão, onde pra esta pessoa só existe uma coisa importante neste mundo, a pessoa que eles tanto amam.

O tratamento a base de remédios pode ajudar, mas não de forma completa, já que é uma deficiência do espírito. 

Com isso a pessoa para tentar amenizar a situação, deve primeiro se reconhecer como uma pessoa ciumenta e a partir daí, buscar uma ajuda psicológica, onde algum profissional desta área possa junto com o ciumento tentar achar um ponto de equilíbrio, ou até mesmo se for o caso da pessoa ser mais voltada ao lado espiritual,tentar fazer uma regressão por hipnose, pois é uma área que tem conseguido resultados fantásticos, feito está técnica por médicos espíritas e espiritualistas, onde a regressão deve ultrapassar o útero e alcançar encarnações passadas, para descobrir onde está o elo que ficou preso no tempo.

1) O ciúme é realmente o tempero do Amor? Por que?
R: Erradamente foi criada esta afirmação, ao meu modo de ver o ciúme não tem nada a ver com tempero nenhum, talvez seja o tempero da discórdia, das brigas, etc. Infelizmente as pessoas acham que quando demonstram ciúmes a pessoa amada fica feliz e se sente assim mais importante pro outro. Acham erradamente que quem tem ciúmes do outro é porque ama, só que este ciúme que faz tão bem no início pode vir a ser um empecilho ao prosseguimento da felicidade.

2) O ciúme realmente acontece intensamente nos relacionamentos mal correspondidos, na visão de quem dá atenção somente para a beleza externa, desconhecendo o interior?
R: Não, isso é muito relativo e cada caso é um caso.

3) É verdade que "Quanto mais amor, muito menos ciúme. Quanto mais amor, é possível até não existir o ciúme."? Por que?
R: O amor em si, puro e verdadeiro, ou seja, diferente de muitos "amores" que existem por aí, é um sentimento que combate determinados erros nossos. Explicando melhor, o amor quando é verdadeiro não há espaço para coisas pequenas como o ciúme, porque ele como sentimento nobre, nos envolve de certa forma que fica quase impossível vivê-los ao mesmo tempo. Podemos assim dizer que o ciúme é a falta ou o uso incorreto do amor.

4) É verdade que "Para haver ciúmes é preciso haver insegurança, falta de diálogo; no extremo, falta de tudo; especificamente, falta de uma decisão."? Por que?
R: Não, estes pontos descritos acima, são apenas conseqüências do ciúme, ou seja, desencadeados por ele. O ciúme vem acompanhado de diversas tendências que assumimos quando "aceitamos" o ciúme em nossas vidas (digo aceitar na forma de não lutar contra, pois isso pra mim é aceitar). Portanto para mim, para haver o ciúmes é preciso que as pessoas propensas a este sentimento não lutem contra este mal, e assim a propensão aumenta ao ponto de começar-mos a tê-lo no nosso dia-a-dia.

5) O ciúme pode ser uma obsessão? Por que?
R: O ciúme na nossa visão de encarnados é uma obsessão, onde a falta de controle e certas atitudes exclusivas para com determinadas pessoas. Agora levando num outro sentido a palavra obsessão, no sentido espiritual, acho que a obsessão pode ser apenas um aliado para alimentar o ciúme, como um combustível, que só queima se a máquina o processar, ou seja, a obsessão pode sim estar por de trás de um ataque de ciúmes, mas na verdade é preciso muitas coisas acontecerem antes para que um obsessor venha a nos incomodar e nos incentivar no ciúme. Lutar contra o ciúme é o caminho para evitar este tipo de assédio.

6) O ciúme pode gerar uma depressão?
R: Certamente que sim, se não houver busca de tratamento por achar natural os atos de ciúme.

7) O ciúme refere-se simplesmente a casais? Ou pode ser estendido a relacionamentos outros, tipo: de amizade, profissional, de relacionamentos em geral?
R: O ciúme por ser proveniente do espírito, pode sim ser extensivo a demais pessoas, não tendo como base apenas casais, mas sim duas ou mais pessoas ligadas num mesmo passado próximo. Vemos isso muito bem num ciúme natural e muito forte entre certo pai ou mãe a determinado filho, onde apenas um filho é alvo deste ciúme além do comum. Ainda existem pais que tem mais ciúmes dos filhos do que de um para com o outro.

Raimundo Pinheiro.
 

MEDO DE PERDER - CIÚME



O medo de perder é o maior obstáculo para o nosso crescimento. Sobretudo o medo de perder alguém que nós dizemos amar. Essa emoção é a principal responsável pelo nosso sofrimento vital. Pois temos medo de sermos rejeitados pela pessoa que dizemos amar. O medo de perder aparece sob várias formas.

Medo de sermos criticados, rejeitados, de não sermos importantes, ilustres, amados e medo da solidão. Isso tudo se resume numa só palavra: Ciúme.

Ciúme é o medo de não possuir alguém, de não ser dono de alguém. Na relação ciumenta colocamos nós e o outro como objeto, como se objeto e pessoa fossem a mesma coisa. No ciúme temos medo de algum dia sermos rejeitados, dispensáveis à outra pessoa. Esta emoção é sofrimento de apego, torna a relação confusa, sofrida. Isto já vem de nossa cultura quando dizem que o ciúme é a maior prova de amor. O que é justamente o oposto do amor. Na relação amorosa existe identidade: “eu sou independente de você”. Perde-se a identidade quando se diz: “eu sem você não valho nada, pra mim você é tudo”. O amor é solto, livre, vem do verdadeiro querer. Sem prisão de sentimentos, bem o contrário do ciúme, que amarra, prende, condiciona. A pessoa já não é ela mesma, mas ela é o que o outro quer que ela seja. Pra que também ela seja o que o outro quer. É um pacto de destruição mútua. Quando um usa o outro na garantia de não ficar sozinho, de não ser abandonada, passamos a vida inteira com medo de sermos hoje totalmente dispensáveis.

O homem é por definição dispensável, transitório e efêmero, aquilo que passa, isto é bastante real em todas as relações. Hoje somos substituíveis, o mundo sempre existiu sem nós, está existindo conosco e continuará a existir sem nós. Somos necessários aqui e agora. Mas seremos dispensáveis além. O medo da morte é o ciúme da vida, é a vontade falsa irreal de sermos permanentes, eternos e imutáveis, isso nos leva a crer que as coisas só têm valor, só valem a pena se forem eternas, só se tivermos garantia que sempre será assim como é. Mas como tudo é transitório e mutável pode se transformar. O medo de perder nos leva a um estado contínuo de sofrimento.

As conseqüências do ciúme são bem claras: se eu tenho medo de não ser amado, de ser abandonado, de ser dispensável a alguém, em vez de eu fazer tudo cada vez melhor, vou gastar toda minha energia, minha vida, para provar que já sou melhor, que já sou o primeiro, o que é mentira e nos conduz ao delírio. A falsidade de nossos atos, nossas iniciativas, nossas considerações, é tudo para mostrar que somos bons, fortes, perfeitos, capazes. Tudo é o medo de perder. É a vontade de ganhar. O medo de perder é assim, ganhando ninguém vai nos tirar. Gastamos nossas energias para defender o que já possuímos, e para conservar o que já ganhamos. Só temos que perder.

Com a vontade de ganhar por outro lado estamos sempre ativos procurando ganhar cada vez mais, ao invés de nos preocuparmos com possíveis perdas. O mais valioso para nós é a nossa vida, e esta nós já vamos perder, o resto é secundário. O medo de perder é justificativo, reativo, a pessoa fica sempre com o pé atrás e o outro no frente, sempre se prevenindo para não perder. A pessoa com vontade de ganhar é sempre ativa, sem medo de arriscar, sem medo de perder, sem a vivência antecipada do futuro, vive a beleza do momento, sabe que em tudo existe riscos e oportunidades. No medo da perda só vê os riscos. Na vontade de ganhar não significa ganhar de alguém, mas de si mesmo. A dar um passo em frente, estar sempre disposto a crescer um pouco mais, ninguém chega a seu limite máximo. Idade adulta não é o máximo de nossa vida, de nossa potência. Não existe pessoa madura, mas em amadurecimento. Quando paramos de crescer vem o sofrimento, e cada um sabe onde paralisou. Onde bloqueou a energia.

Até hoje não vimos um relacionamento deteriorar sem a presença marcante do ciúme, querendo ser o controlador dos sentimentos e ações da pessoa que se diz amar. Um profundo desamor a si mesmo e ao outro também. E a dor da incerteza é a raiva de não ter a segurança absoluta no relacionamento, a insegurança frente ao futuro. A loucura está aí, passamos a vida inteira tentando conseguir segurança. Segurança não existe. Ser seguro não significa acabar com a insegurança, mas sim aceitá-la como inerente à natureza humana. Nós não curtimos o hoje, que é importante, nem nos relacionamentos com os amigos, nem com os filhos. Não temos tempo, estamos cuidando do seu futuro, da nossa segurança.

O ciúme é a incapacidade de vivermos hoje a gratuidade da vida. Hoje é o primeiro dia do resto de nossa vida. Viver é deixar cada dia segundo seu próprio cuidado. O medo daquilo que pode acontecer tira a alegria de estar aqui e agora. O medo da morte tira a vontade de viver. Quando temos medo de perder alguém, é porque imaginamos que as pessoas são nossas. E não podemos perder o que não temos. Ninguém é de ninguém. Cada pessoa é única e exclusivamente dela mesma. Podemos perder tudo, bolsa, carteira, casaco, qualquer coisa, jamais uma pessoa.

Medo de perder é a obsessão do primeiro lugar, é querer ser sempre o primeiro em todos os lugares, em casa, no emprego, com os amigos. O primeiro lugar é amarelante, deteriorante, pois quando alguém chega ao cume da montanha só lhe resta descer. O segundo lugar é verdejante, esperançoso ainda tem aonde ir, para onde crescer. A postura do segundo lugar nos leva ao crescimento contínuo por que você se sente em segundo lugar mesmo que estivesse ocupando socialmente o primeiro lugar, não em relação ao outro mas a você mesmo, ou seja ainda teremos por onde crescer e melhorar.

Você sabe porque o mar é tão grande, tão imenso, tão poderoso? É porque teve a humildade de se colocar apenas a alguns centímetros abaixo de todos os rios do mundo, sabendo receber tornou-se grande. Se quisesse ser o primeiro, alguns centímetros acima de todos os rios, não seria o mar, seria uma ilha e toda sua água iria para os outros, e ele estaria isolado. É impossível vivermos satisfatoriamente se não aceitarmos a queda, a perda, a morte. Precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer. Em outras palavras, se temos medo de cair, andar seria muito doloroso. Se temos medo da morte a vida é muito ruim. Se temos medo da perda, o ganho nos enche de preocupações. Esta é a figura do fracassado, dentro do sucesso. Pessoas quanto mais ganham, quanto mais melhoram na vida mais sofrem. Para a pessoa que tem medo de ficar pobre, quanto mais dinheiro tem, mais preocupada fica. Quanto mais sobe na escala social, mais desgraçada é a sua vida. Em compensação se você aprende a cair, a errar, a perder ninguém o controla mais. Pois o máximo que pode acontecer a você é cair, errar, perder, e isso você já sabe.

Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade, o ganho, a perda, o acerto, o erro, o triunfo, a queda, a vida e a morte

Ciúme



Andrey Cechelero

"Os ciumentos não precisam de causa para o ciúme: têm ciúme, nada mais. O ciúme é monstro que se gera em si mesmo e de si nasce"
Willian Shakespeare, Otelo

O ciúme é a inquietação mental causada por suspeita ou receio de rivalidade nos relacionamentos humanos. É uma distorção, um exagero, um desequilíbrio do sentimento de zelo.
Adentrando na intimidade deste sentimento, vamos descobrir que ele é "medo", medo de algum dia ser dispensável à pessoa com a qual se relaciona; é o medo de ser abandonado, rejeitado ou menosprezado; medo de não mais ser importante; medo de não ser mais amado, enfim, é, de certa forma, medo da solidão.
O psiquiatra e psicoterapeuta Eduardo Ferreira Santos, revela que tal sentimento é totalmente voltado para si mesmo, egocentrado no indivíduo, e por esta afirmação podemos entender o porquê da frase do personagem "lago", de Shakespeare, dizendo que o ciúme não precisa de causas exteriores, que se gera em si mesmo.
Suas causas interiores, segundo Joanna de Ângelis, Espírito, são encontradas principalmente na insegurança psicológica, na baixa autoestima, no orgulho avassalador que não suporta rivalidades, e no egoísmo, que ainda nos faz ver aqueles que estão à nossa volta como posses.
O ser inseguro transfere para o outro a causa desta insegurança, dizendo-se vítima, quando apenas é escravo de idéias absurdas, fantasias, ilusões, criadas em sua mente, que ateia "incêndios em ocorrências imaginárias".
Agravado este sentir leva a psicoses, a problemas neuropsiquiátricos, como diversos tipos de disritmias cerebrais, sendo causador de agressões físicas e crimes passionais.
Além disso, não podemos esquecer que sua existência é sempre uma porta aberta para a obsessão, uma oportunidade de sermos influenciados por aqueles que desejam nosso mal.
O ciúme é um sinal de alerta mostrando que algo não vai bem, que algo precisa ser reparado, repensado. Sua erradicação de nossos viveres somente será realizada com a análise íntima constante, com o vigiar dos pensamentos, dos atos, lembrando sempre que "ninguém é de ninguém", que não possuímos as pessoas, e que o verdadeiro amor LIBERTA e CONFIA.
O ciúme "insegurança" precisa ser substituído pela CONFIANÇA "certeza", que é sim uma real prova de amor.

Fonte: Jornal Mundo Espírita – Março/2001

CIÚME E INVEJA



Orson Peter Carrara


Sentimentos contrariam adesão aos princípios morais

Recordando Allan Kardec

Esses dois sentimentos são destruidores da paz que se deve buscar para a harmonia da convivência. Apegos, medos e especialmente a insegurança pessoal, aliados ao egoísmo são seus geradores. Além da presença nos lares, nos relacionamentos, eles também comparecem com toda força nas instituições inspiradas pelo Espiritismo, pois que provenientes da imperfeição do caráter humano, ainda necessitado de correções morais. Como destaca Allan Kardec em O Livro dos Médiuns1, item 336, referindo-se aos inimigos do Espiritismo, "(...) os mais perigosos não são os que o atacam abertamente, mas os que agem nas sombras; estes, o acariciam com uma mão e o difamam com a outra. (...) graças aos surdos enredos que passam desapercebidos, semeiam a dúvida, a desconfiança e a desafeição; sob a aparência de um hipócrita interesse pela coisa, criticam tudo, formam conciliábulos e rodas que cedo rompem a harmonia do conjunto (...) Esse estado de coisas, deplorável em todas as sociedades, o é mais ainda nas sociedades espíritas, porque se não levam a uma ruptura, causa uma preocupação incompatível com o recolhimento e a atenção".

São severos inimigos da boa convivência. Filhos do orgulho, comparecem na seara doutrinária do Espiritismo com os sintomas da animosidade crônica. Diríamos que como uma estranha rivalidade com alguém ou um fechamento intencional do afeto, que coagula as emoções na frieza disfarçada. Tais sentimentos não aceitam a felicidade, o êxito alheio ou perfis psicológicos diferentes dos quesitos pessoais do próprio invejoso ou ciumento. E formam os sutis detetives da conduta alheia. Na verdade significam apego e apropriação de espaços de trabalho, em cargos ou atividades, e mesmo ainda em autênticas disputas mentais que o invejoso trava entre si e aquele que julga como oponente, em razão muitas vezes, da desenvoltura do imaginário adversário.

A Revista Espírita2 traz abordagens sobre tais temas. O Espírito São Luiz abordou a questão da inveja, respondendo a um questionamento: "(...) seu Espírito está inquieto, sua felicidade terrestre está no auge; ele inveja o ouro, o luxo, a felicidade aparente ou fictícia de seu semelhante; seu coração está destroçado, sua alma surdamente consumida por essa luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita; ele carrega consigo, em todos os instantes de sua miserável existência, uma serpente que ele reaquece, que lhe sugere, sem cessar, os mais fatais pensamentos: 'Terei essa volúpia, essa felicidade?' (...) E se debate sob sua impotência, vítima dos horríveis suplícios da inveja. (...)" E conclui: "(...) Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra as obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus; essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas; a inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo; a caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males (...)"

A outra referência, sobre o ciúme2, está assinado por O Espírito protetor do médium e trata-se de mensagem recebida na presença do Codificador. Pondera o autor: "(...) O ciúme é o companheiro do orgulho e da inveja; ele vos leva a desejar tudo o que os outros possuem, sem vos dar conta se, invejando a sua posição, não pedis senão que se vos faça presente uma víbora que aquecereis em vosso seio. (...)" Claro que esse comentário pode ser estendido a todas as demais conquistas daquele que sofre a ação do ciúme e não se circunscreve aos patrimônios materiais.

Em ambos os casos, porém, a clara indicação do aprimoramento interior no combate a esses sentimentos, frutos do orgulho. Ambos são tolos e causam enorme perda de tempo, tranqüilidade e progresso. E já que a finalidade da presença do Espiritismo no planeta é a melhora moral dos seres humanos, iniciemos desde já uma análise interior para avaliar a presença desses indesejáveis sentimentos e seu expurgo, mesmo que a longo prazo, para que possamos desfrutar da incomparável experiência de viver buscando o progresso que a vida destina a todos nós.

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1. 29a edição IDE, novembro de 1993, tradução de Salvador Gentille.
2. Em Julho de 1858 sobre A inveja e Outubro de 1861, sobre O ciúme. Edições do IDE, respectivamente páginas 177/178 e 315, tradução de Salvador Gentille. 

Sexo, Amor e Espiritismo


Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Evolução do instinto sexual: 3.1. Reino Vegetal; 3.2. Reino animal; 3.3. Reino hominal. 4. Sexo nos Espíritos. 5. Amor. 6. Criação. 7. Conclusão. 8. Fonte de Consulta.
1. INTRODUÇÃO
O que significa a palavra sexo? Ela difere do termo sexualidade? Pode haver sexo sem amor e amor sem sexo? Como podemos interpretar a sexualidade e a sensualidade, constantemente exploradas pelos meios de comunicação social? Como analisar o amor e sexo sob a ótica do Espiritismo?
2. CONCEITO
Amor – Totalidade dos sentimentos e desejos que estruturam o pensamento para a liberação de energia e forças que guiam a ação na produção do bem e possibilitam a aquisição de qualidades constituintes de crescimento do Espírito. (Curti, 1981, p. 81)
Sexo – Conformação particular que distingue o macho da fêmea, nos animais e nos vegetais, atribuindo-lhes um papel determinado na geração e conferindo-lhes certas características distintivas. (Dicionário Aurélio)
3. EVOLUÇÃO DO INSTINTO SEXUAL
O Espírito André Luiz, no capítulo XVIII do livro Evolução em Dois Mundos, trata da evolução do instinto sexual nos vários reinos da natureza.
3.1. REINO VEGETAL
"Por milênios e milênios o princípio inteligente se demorou no hermafroditismo das plantas, como por exemplo, nos fanerógamos, em cujas flores os estames e os pistilos articulam, respectivamente, elementos masculinos e femininos".
Nas plantas criptogâmicas celulares e vasculares ensaiara longamente a reprodução sexuada, na formação de gametos (anterozóides e oosfera)" (Xavier, 1977, p. 138)
Nos protozoários, há ensaios de reprodução monogâmica.
3.2. REINO ANIMAL
"Longo tempo foi gasto na evolução do instinto sexual em vários tipos de animais inferiores, alternando-se-lhe os estados de hermafroditismo com os de unissexualidade para que se lhe aperfeiçoasse as características na direção dos vertebrados." (Idem, p. 138)
3.3. REINO HOMINAL
Nesse reino, o princípio inteligente adquire o pensamento contínuo, o livre-arbítrio, a razão, o sentimento e a responsabilidade moral. Temos a reprodução sexuada como continuidade dos outros reinos da natureza.
4. SEXO NOS ESPÍRITOS
Pergunta n.º 200 de O Livro dos Espíritos – Os Espíritos têm sexo? – Não como o entendeis, porque os sexos dependem da constituição orgânica. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos.
Deduz-se daí, e com a contribuição do Espírito André Luiz, que a sede real do sexo não se acha no veículo físico, mas na estrutura mais complexa da entidade espiritual.
No âmbito da Doutrina Espírita, a maioria da população terrestre trás consigo dramas e problemas não resolvidos de outras encarnações, de modo que todos nós, indistintamente, devemos ter muito cuidado em nossa análise e comentários sobre o assunto.
Nesse sentido, o homossexualismo, o celibato, a transexualidade devem ser vistos com moderação e respeito.
5. AMOR
O sexo, muitas vezes, é tomado como sinônimo de amor.
O amor é muito mais amplo, pois representa a totalidade dos sentimentos e desejos que estruturam as nossas ações para a produção do bem.
É como aquele sol ardente que fecunda e reúne em um único foco todas as aspirações humanas e sobre humanas.
O amor não reclama, não exige, não se apodera.
Quem verdadeiramente ama está sempre pronto a doar-se, a renunciar aos seus desejos e até à sua própria personalidade se as circunstâncias assim o exigirem.
6. CRIAÇÃO
O instinto sexual liga-se à co-criação. Há a co-criação em plano maior e co-criação em plano menor. Em plano maior, observa-se o trabalho dos Espíritos superiores a produzirem novos mundos; em plano menor, é a proliferação da espécie humana.
A co-criação é um direcionamento das forças sexuais da alma para um determinado fim.
Quanto mais animalizado for o Espírito, mais tenderá para os gozos sensíveis. Conforme for depurando o instinto sexual, mais tenderá para a sua integração com a Humanidade.
Nesse "status quo" o amor assume dimensões mais elevadas tanto para os que se verticalizam na virtude como para os que se horizontalizam na inteligência.
Objetivo maior é a sublimação do instinto sexual.
7. CONCLUSÃO
Sublimemos o instinto sexual, dilatando o amor ao infinito. Mantendo-nos firmes neste propósito, verticalizaremos substancialmente as virtudes de nossa alma.
8. FONTE DE CONSULTA
XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
CURTI, R. Espiritismo e Reforma Íntima. 3. ed., São Paulo, FEESP, 1981.

São Paulo, julho de 2000

Ciúme: prova de desamor


Orson Peter Carrara-Matão-SP

   Prender alguém, por mais dourados que sejam os laços ou as correntes, não deixa de ser uma prova de desamor.
   Esta frase está no livro Despedindo-se da Terra, de Lúcius/André Luiz Andrade Ruiz, e chama a atenção pela extensão de sua realidade.
   Como assim prender alguém? Não, não se trata de cativeiro, seqüestro, prisão em grades ou algemas reais nas mãos. Referimo-nos antes aos efeitos danosos do ciúme, do sentimento de posse sobre alguém ou das tentativas de manipulação da liberdade de alguém em agir nesta ou naquela direção. Afinal, consideremos que não podemos forçar ninguém a nada, a não ser por força da Lei.
   O ciúme é prejuízo de longo alcance, causando sofrimentos para ambos os envolvidos, em autêntica prisão psicológica cujos prejuízos não podemos prever.
   É uma prova de desamor porque quem ama não prende, pois o amor não impõe, não censura, não critica; o amor, antes, compreende, tolera, entende, estimula, liberta.
   Quem somos nós para determinar como, quando e onde uma pessoa pode agir, estar ou conviver? Desde que a pessoa haja com decência, dignidade, correção, como querer vigiar-lhe os passos?
   O Jornal da Cidade, de Bauru-SP, em sua edição de 27/01/2008, publicou no suplemento Comportamento, a excelente matéria Uma doença chamada ciúme, assinada por Giuliana Reginatto. Referida reportagem inclui casos famosos de ciúme, geradores de tragédias comoventes e transcreve trecho importante do livro Ciúme – o lado amargo do amor, de Eduardo Ferreira Santos, doutor em ciências médicas e mestre em psicologia, que extraímos da reportagem citada: “O ciúme é egoísta. A pessoa exerce o ciúme para restringir a liberdade do outro. Podemos compará-lo com a dor: todo mundo sente dor, mas não é normal sentir muita dor, por tempo prolongado. Ficar enciumado com uma determinada situação é diferente de ser ciumento sempre, fantasiando motivos”. 
   A reportagem traz também o relato de Cíntia Valadares, que procurou ajuda antes que uma obsessão pelo ex-noivo culminasse em tragédia: “Por causa do meu ciúme ele foi parar na delegacia. Como eu não poderia ir a um jantar com ele e não queria que fosse sozinho, fiz uma denúncia falsa. Inventei que havia sido roubada e que sabia onde o ladrão estava. Dei o endereço da festa e ele ficou detido por quatro horas. Para reatarmos, ele impôs que eu procurasse tratamento”.
   O tema, pois, merece cuidado e atenção, pelos desdobramentos prejudiciais que acarreta nos relacionamentos.
   Embora tenha usado o título acima para chamar a atenção do leitor, o ciúme é também insegurança, forma de chamar atenção e um verdadeiro transtorno, para o qual os psicólogos estão, estes sim mais do que eu, capacitados para ampliar as considerações sobre causas, conseqüências e tratamento.
   Mas é também, sem dúvida, em muitos casos, uma prova de desamor. Quem ama, confia!
   E prender ou constranger alguém, impedir relacionamentos e vigiar, como verdadeira neurose, é caso para terapia. Não somos propriedade de ninguém. Somos seres em aprendizado, necessitados uns dos outros, para nos estendermos as mãos nas experiências que nos façam crescer e conviver com harmonia.


Ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/accao-do-dia/ciume-prova-de-desamor/#ixzz14piCFEjs

AMOR E SEXUALIDADE




José Herculano Pires

Pesquisa sobre o Amor – Dicesp

Tanto no fetichismo, quanto nos desvios sexuais de homens e mulheres, torna-se evidente a variedade de objetos nas manifestações do Amor. Essa é uma das provas da universalidade do Amor que podemos considerar como uma forma de energia cósmica ainda não pesquisada e conhecida pelas Ciências. A tese de João Evangelista: "Deus é Amor", faz-nos lembrar esta expressão do Apóstolo Paulo: "Em Deus vivemos e nele nos movemos." Preocupados com o amor humano, psicólogos e filósofos até hoje se interessaram quase exclusivamente com essa forma lírica e dramática do amor entre duas criaturas. Mas tanto na Filosofia Grega, quanto nas chamadas Filosofias Orientais, houve sempre grande preocupação do Amor como um elemento da Natureza que impregna todas as coisas e Todos os seres. No Ocidente, o domínio das Teologias, que se apossaram da inspiração grega para tratar do Amor em sentindo divino, parece haver impedido os grandes pensadores de se aprofundarem no assunto. As Teologias, seguindo o exemplo de Tertuliano, se apossaram do Amor por direito de usucapião. Era sempre arriscado mexer nessa questão. O Renascimento, por sua própria tendência, considerou o Amor em termos de poesia e fábula, encantando-se com os amores mitológicos dos deuses gregos e romanos. Os amores dos deuses eram semelhantes aos dos homens, e mulheres e vice-versa. Dessa maneira, o amor humano prevaleceu como única forma acessível à compreensão humana e possível de investigação científica ou filosófica.

A Psicanálise, nos primeiros desenvolvimentos da teoria freudiana, colocou o problema do Amor no plano patológico. E nesse plano ele permanece até hoje para a maioria das pessoas, não obstante o progresso do próprio Freud no tocante à sublimação e ao superego, bem como os avanços teóricos de alguns de seus discípulos, particularmente Jung. Não se pode acusar ninguém por isso. Freud teve de entrar no estudo e na pesquisa do Amor pelo subsolo da patologia. Por outro lado, o aspecto patológico é o mais dramático do Amor e o que mais toca o interesse humano. O Amor foi assim dividido em duas áreas: a da patologia e a do lirismo, geralmente confundindo-se essas áreas em vastas extensões. Os homens, recém libertos da concepção geocêntrica do planeta, cairam felizes no filocentrismo do Amor. Todas essas questões, e outras que delas se derivam, são temas para desenvolvimento futuro. Neste livro apenas as indicamos, para demonstrar, mesmo através de ligeiros reflexos, quanto se tem a pesquisar sobre o Amor. A sexualidade é uma forma de manifestação do Amor. Dessa maneira, o sexo quase conseguiu, nos domínios populares, apossar-se da palavra Amor e reduzir a manifestação desse poder exclusivamente às suas funções. Mais do que um abastardamento, isso foi uma profanação. Hoje se diz, num eufemismo derivado da língua italiana, "fazer amor", para se referir. ao ato sexual. Na verdade, o Amor pode e deve estar presente no ato sexual, e também pode não estar, o que é mais comum. O Amor se manifesta na lei de gravidade que mantém a dinâmica celeste e em todas as formas de forças centrípetas, provocando união e fusão. Mas no homem as manifestações do Amor abrangem toda a sua estrutura vital, existencial e psicoafetiva. No tocante ao plano vital o Amor é sensação. Não obstante, o apego à sensação, reduzindo o poder do Amor a expressões periféricas, o deturpa e extingue. Em seu lugar surge a Paixão, que não é exaltação do Amor, como geralmente se diz, mas exaltação da sensualidade. Os crimes de amor nada têm a ver com o Amor, são conseqüências de desregramentos sensoriais, com perda do equilíbrio emocional e perturbações mentais. Matar por amor é um contra-senso. Uma criatura que ama não agride e nem fere o Ser amado, que é para ela objeto de veneração. O ciúme não procede do Amor, mas do apego animal ao plano sensorial. O animal é que ataca e fere por ciúme, nunca o homem, pois nele o Amor se manifesta em ternura, adoração e consciência do valor do Ser amado.

Para bem compreendermos isso precisamos voltar ao problema kardeciano do ser do corpo, no qual toda a pesada herança da animalidade ancestral se acha acumulada. As criaturas de sensibilidade humana não se deixam arrastar pelas paixões, que pertencem ao plano dos instintos. A libido freudiana é o reservatório profundo e escuro dos resíduos da animalidade. As sensações carnais se alimentam dessas energias vitais que se confundem com as aspirações transcendentes do Amor na mente conturbada que as toxinas da paixão desligam do controle superior da Razão. O Ser do Corpo sobrepuja o Ser Espiritual no controle da mente, desencadeando as forças do instinto. Os crimes resultantes dessa situação não decorrem ao Amor, mas precisamente do eclipse do Amor, produzido pelo retrocesso do homem às condições da sua ancestralidade animalesca. O crime passional pode ser definido como um caso de possessão infra-anímica, em que o criminoso é possuído por sua personalidade arcaica, em razão da falência de sua personalidade atual no delírio das sensações inferiores. Um caso de personalidade alternante a que o criminoso já se entregava há mais tempo do que se pode supor, sintonizado com os resíduos negativos de experiências vitais superadas.

É claro que a superação das experiências referentes a um dado tempo evolutivo não representa a sua destruição. Toda experiência representa uma aquisição do espírito, que passará a integrar as suas funções cognitivas em forma de categorias da intuição. Enquanto não desaparecerem os resíduos do inconsciente, a experiência superada pode ser reativada pela imprudência e o abuso. O princípio de que a Natureza não dá saltos, apesar da contestação marxista, permanece válida. A passagem do Ser, de um grau de evolução para outro, nunca é instantânea. Os pregoeiros da salvação imediata não conseguem exemplificar esse milagre em si mesmos. Os resíduos marcam o compasso de espera, necessário à assimilação total da experiência. Nessa espera, é possível que o Ser repita a experiência para poder absorvê-la com a devida segurança. Então se dará o aparente salto qualitativo, que na verdade representa uma transição lenta. O exemplo do relógio esclarece melhor este problema: quando as pancadas de uma determinada hora soam no relógio, surpreendendo-nos, isso acontece porque os ponteiros já fizeram o percurso de 60 minutos para bater a hora surpreendente. A complexidade da constituição humana, implicando as instâncias psicológicas da personalidade, as relações corpo-alma e a dinâmica dos processos conscienciais, não permite o desabrochar de flores sem raízes que levem a seiva através do caule. Todo esse processo minucioso depende do tempo. Por isso Hidegger advertiu que o espírito "cai do tempo", e que este o acolhe para que ambos sejam afins no seu desenvolvimento. Cair no tempo é sair da espera e entrar na temporalidade para realizar-se a si mesmo.

A sexualidade é a condição que deve concretizar no tempo histórico o poder criador do homem e da mulher, na conjugação efetiva dos elementos biológicos, sob a regência do Amor. O sexo é o instrumento dessa realização genética que exige do casal humano a doação total dos poderes espirituais e corporais nele concentrados, no ato da criação.

Como nos parece mesquinha a concepção vulgar do sexo como mecanismo animal de natureza inferior! A mecânica sexual do gozo pelo gozo é um aviltamento da função genésica, cuja finalidade última é a encarnação do Ser, primeiro passo da ontogênese terrena. Nos casais evoluídos o ato sexual não se reduz ao prazer sensorial. Este é apenas a chispa do fogo vital que desencadeia todo o processo da criação humana. A mulher acolhe o homem em seu corpo e em sua alma sem a inútil agitação animalesca, e o homem a envolve no seu poder fecundante com a naturalidade e o êxtase do Sol a envolver a Terra para fecundá-la. Só a mesquinhez do vulgo, do populacho incapaz de compreender a grandeza de um ato criador poderia ter feito disso motivo de escândalo, malícia e pecado.

A expressão "o pecado do amor" é tão absurda quanto o ilogismo: "matar por amor". Enquanto não formos capazes de discernir juízos opostos e continuarmos a confundi-los, não estaremos em condições de reformular nossa concepção do mundo.

Em "A Fonte", Charles Moorgan faz Rupert, na hora da morte, perguntar a Jullie, que o traíra com Lewis: "Não o amaste apenas com o corpo?" Ela responde que não e acrescenta que nem ela nem Lewis o haviam feito por mal, mas por amor. Rupert voltara da guerra, mutilado. Seus olhos se voltaram para a mulher e para Lewis e declarou que não tinha ciúmes nem rancor, pois o amor de ambos não podia ser crime nem traição. Como poderia um homem possessivo, que considera a mulher como sua escrava, compreender e perdoar a traição em sua hora extrema? Mas Rupert era a antítese desse homem comum e boçal. Jullie e Lewis eram ingleses e se amavam com profunda reciprocidade. Rupert, alemão, interferira sem querer, sem o saber, no destino de ambos. Mas ao reconhecer a legitimidade daquele amor retirou-se em silêncio. Que direito teria ele para exprobar ou amaldiçoar aquela mulher? Não importavam as circunstâncias da guerra, da mutilação, da morte. O que interessava a Rupert era o respeito pelo Amor de ambos, por essa reciprocidade que ele não conseguira despertar em Jullie. Maior que a sua paixão pela jovem, que as circunstâncias haviam lançado em seus braços, maior que o conceito humano de honra e que todo o escândalo que o fato pudesse provocar no meio social, Rupert via, diante dele, após a fogueira do ódio e da bestialidade da guerra, a verdade de um Amor puro e profundo que a tudo desafiara para sustentar os seus direitos, a sua estranha dignidade que para o mundo era perfídia e desonra.

Os conceitos humanos variam segundo o nível das consciências. Quanto mais elas se elevam, aproximando-se dos arquétipos da espécie, mais se distanciam das normas sociais que decorrem de costumes e tradições. Essas variações levaram os sociólogos a negar a existência dos princípios morais superiores, pois se Moral vem de mores, costumes, e estes variam, parecia-lhes evidente que a Moral não provinha da Consciência, mas dos hábitos e costumes de cada meio social. Esqueciam-se de que os costumes resultam não só de exigências mesológicas, mas também de exigências concienciais. Hoje, graças a Bergson e outros filósofos da Moral, todos reconhecemos a ligação genética entre Consciência e Moral. Essa relação explica as variações da Moral, sua evolução histórica através de fases bem definidas e as razões profundas de sua influência no campo dos problemas sexuais.

No caso do triângulo amoroso Jullie, Lewis e Rupert a questão moral se coloca nos termos da legitimidade do Amor. Este é o critério supremo que não reconhece as normas da moral comum, tipicamente social. O caso é específico. Jullie havia sido aluna de Lewis na Inglaterra. Mudara-se muito jovem para a Holanda, em virtude do casamento de sua mãe viúva com um nobre holandês. Casara-se com Rupert, filósofo alemão, por conveniências de ordem familial e social. Na guerra, Rupert ausentou-se do Castelo de Enkendal e Jullie ficou sozinha. Lewis é preso na frente de batalha e posteriormente enviado a Enkendal, com dois companheiros, para ali permanecer como prisioneiro de honra. Seu reencontro com Jullie reacendeu em ambos o Amor aparentemente esquecido. Rupert, gravemente ferido e mutilado, enviava notícias de longe e os prognósticos a seu respeito eram os mais graves. Jullie e Lewis não resistem à solidão no velho Castelo e entregam-se aos anseios recíprocos. Rupert volta a Enkendal para morrer e Jullie não tem coragem de lhe revelar o que acontecera. Mas sua consciência a leva a contar-lhe a verdade, que ele já percebera, compreendendo que realmente interferira no destino de ambos com seu amor por Jullie. Todo esse conjunto de justificativas naturais, entretanto, não impediriam a tragédia passional, se o caso não passasse entre três pessoas de condições morais e intelectuais elevadas. Prevaleceriam os preconceitos sociais, com todas as suas conseqüências, lançando a desonra sobre os três e suas famílias. Mas é necessário reconhecermos que em condições inferiores o móvel do caso poderia ser também inferior. A pergunta de Rupert a Jullie não caberia numa situação de atração amorosa puramente física e a resposta dada não teria nenhuma garantia de veracidade. Isso demonstra que as variações sociais da Moral tem seus fundamentos em condições evolutivas nas quais o instinto de conservação social estabelece, através dos costumes, os seus próprios dispositivos de segurança. E por isso, por sua vez, justifica a situação atual da Terra como um momento de transição, em que todos os problemas humanos estão submetidos a um processo de aceleramento na evolução do homem. A consciência humana se abre para as novas dimensões do real. O pivô da consciência se desloca para nova posição, modificando as perspectivas da sua visão do mundo. É natural que ao lado das mutações necessárias surjam excessos de toda ordem. Há consciências que resistem às mudanças, apegadas por milênios a condicionamentos que parecem irremovíveis. As reações são tanto mais violentas quanto maior o apego dos que reagem aos seus condicionamentos. No tocante à sexualidade, as energias desencadeadas transbordam de todos os canais a que até agora se mostravam dóceis e obedientes. O. Amor, até agora aviltado pelas pressões do fanatismo e da hipocrisia, avilta-se num clima de libertação que cai na libertinagem e na pornografia. Nunca tivemos, na Terra, uma situação geral tão profunda e vastamente conflitiva. Somos, por isso mesmo, solicitados a um esforço quase sobre-humano para tentar colocar todos os problemas em equação de maneira corajosa e, às vezes, até mesmo temerária. Do nosso comportamento em face dessa problemática assustadora dependem as soluções que determinarão o novo plano consciencial que atingiremos.

Na remota Suméria, sexualidade era encarada como a efusão divina que empolgava homens e mulheres na povoação do mundo. O culto fálico, a nudez, a natureza sagrada do ato sexual, a reverência para a mulher prolífera eram elementos fundamentais da consciência. Restos de monumentos e templos revelam a adoração do sexo, as procissões de religiosos nus, a prática do ato sexual na área sagrada dos altares e na presença de sacerdotes. Em quase todo o Oriente a sexualidade se apresentava como a própria essência da religiosidade. Ainda hoje existem os resíduos de práticas eróticas nos países orientais com finalidade religiosa. A tradição das gueixas japonesas, ainda vigente, mostra o cuidado e o aprimoramento das técnicas de preparação do ato sexual, especializando-se as jovens numa cultura específica para serem uma espécie de sacerdotisas do Amor. No Egito, na Mesopotâmia, na Pérsia e na Grécia antigas a sexolatria dominou amplamente, com o culto de danças, cânticos e rituais eróticos, geralmente acompanhados da utilização de alucinógenos. Em Roma se passava o mesmo. As Epístolas ao Apóstolo Paulo revelam a infiltração dessas práticas nas primeiras comunidades cristãs. Na própria Israel das leis de pureza, como vemos nos textos bíblicos, o erotismo sagrado dominou sob várias formas. Na Idade Média, os demônios infestavam conventos e mosteiros, os incubos e súcubos (espíritos diabólicos) invadiam os leitos dos religiosos e religiosas. Os Libertinos medievais formavam suas sociedades eróticas.

A própria concepção do homem como um horizonte, que por seus membros e órgãos inferiores se ligava à Terra, e por seus membros e órgãos superiores se liga ao Céu, mostra-nos a constante relação do Amor com a sexualidade no plano religioso. Não é, pois, de admirar ou de estranhar a explosão atual da licenciosidade e da pornografia, da toxicomania e intensificação da violência. Durante milênios cultivamos essas práticas na Terra, com requinte e paixão. Quando se mexe o caldeirão, para tentar uma nova estruturação da vida, é natural que os pesados resíduos aflorem à superfície. Cabe-nos apenas agir com prudência e coragem, para não aumentarmos a carga de iniqüidades no planeta ao invés de aliviá-la. Conseguindo uma compreensão mais exata do Amor superaremos a crise.

AMOR, CIÚME E PAIXÃO



Por que homens e mulheres são capazes de transformar o Amor, o mais sublime dos sentimentos, em combustível de um crime? Será crível que uma pessoa possa matar por Amor? Será o crime passional um tipo de reação violenta ao fim do "Amor"? Qualquer pessoa que se apaixone pode ter uma reação passional, pois a paixão é um sentimento intrínseco do ser humano. Contudo, isso pode ser perfeitamente controlado. Numa violência passional, perde-se a razão e, por via de conseqüência, o controle de si mesmo. Indubitavelmente, a paixão nos torna agressivos e perigosos. É a erupção do lado primitivo do ser, e muitos são passíveis disso quando não vigiam os sentimentos. Uma coisa, no entanto, é certa: a sensação de posse é a causadora da maioria das tragédias passionais.

Para os espíritas, o crime passional pode ser definido como um processo de obsessão ou possessão anímica, isto é, o criminoso é subjugado por entidade desencarnada ou por sua personalidade arcaica, em razão da falência de sua personalidade atual no cipoal e delírio das sensações inferiores. Os crimes de "Amor" nada têm a ver com o Amor. A rigor, são conseqüências de desregramentos sensoriais, com perda do equilíbrio emocional e perturbações espirituais. As Obsessões estão relacionadas à ansiedade criada em resposta a uma situação muito estressante, esmagadora e dolorosa. A frustração Amorosa e o conseqüente sentimento de perda, de autodesvalorização, criam perturbações obsessivas e um transtorno de Amor obsessivo vinculados a um ciúme patológico. A necessidade obsessiva cria mecanismos e estratégias para seduzir o outro, originando numa atração fatal que busca a possessão de forma a incluir o outro em sua própria vida, tentando o máximo de controle, pois a falta deste irá provocar intensa dor. Podem ocorrer manifestações de ciúmes patológicos onde as conexões entre fantasias e realidades se perdem, facilitando episódios psicóticos em que a ação se torna real. A pessoa propensa a um Amor obsessivo tem dificuldades de relacionamento saudável, ligando-se a comportamentos complicados, repletos de brigas, desconfianças e ciúmes, muitas vezes com desfechos tensos e violentos. O transtorno obsessivo compulsivo é um distúrbio debilitante e destrutivo. No entanto, ele pode ser minimizado com a terapia medicamentosa e psicoterapia cognitivo-comportamental e pelos recursos espíritas da desobsessão.

O ciúme (1) voraz é o grande motivo de muitas dores morais. Em verdade, esse sentimento egoístico está presente em nossas vidas tanto quanto a dor, ou seja, quase todo ser humano sente. Toda vez que uma dor nos espicaça o ser é porque há algo errado conosco, e o mesmo acontece com o ciúme: alguma coisa está errada em nós mesmos, no outro ou na relação. A expressão "o pecado do Amor" é tão absurda quanto o ilogismo: "matar por Amor". Enquanto não formos capazes de discernir juízos opostos e continuarmos a confundi-los, não estaremos em condições de reformular nossa concepção do legítimo sentido do Amor.

Pasmem! Há quem defenda que "matar por Amor não é crime". Creem alguns que o princípio do ser humano é o sentimento, e quando essa emoção é traída, aviltada, ele pratica, então, esses atos chamados criminosos. E nessa confusa tese, afirma-se que o "Amor é a maior fraqueza do ser humano", argumenta-se que tanto o honesto, o trabalhador, o culto, não importa, todos são passíveis de um único crime: de "Amor". Não comungamos nessa cartilha, obviamente, pois que ninguém mata por Amor, mas por ódio. Estudos apontam que o criminoso passional não tem raça, credo, faixa etária ou classe social, mas na imensa maioria dos casos tem sexo: o masculino. Diz-se que a impulsividade do homem, ao matar, é cultural, uma vez que no sistema patriarcal, há cinco mil anos, e durante muito tempo, o marido tinha o direito de bater na mulher, de puni-la, de matá-la e isso era muito comum.

Uma criatura que ama não agride e nem fere o ser amado, que é para ela objeto de veneração. O ciúme não procede do Amor, mas do apego animal ao plano sensorial. O animal é que ataca e fere por ciúme, nunca o homem, pois, nele, o Amor se manifesta em ternura, adoração e consciência do valor do ser amado. As criaturas de sensibilidade humana não se deixam arrastar pelas paixões, que pertencem ao plano dos instintos.

Luiz de Camões dizia que o "Amor é um fogo que arde sem se ver". (2) Segundo Aurélio Buarque "o Amor pode ser um sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa. Pode ser um sentimento terno ou ardente de uma pessoa por outra, e que engloba também atração física, ou ainda inclinação ou apego profundo a algum valor ou a alguma coisa que proporcione prazer; entusiasmo, paixão". Podemos considerar o Amor como uma forma de energia cósmica ainda não pesquisada e conhecida pelas Ciências. Porém, e o Amor ao próximo? Bem, esse é um sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção extrema. Tudo o que possamos idealizar sobre o Amor pode se consubstanciar como parcela deste sentimento, mas ele é muito maior e mais abrangente, até porque, o bem-querer, toda a bondade, a tolerância, a alegria, a proximidade, só poderão ser um fragmento do Amor quando não tiverem laços no apego, na imperiosa necessidade de permuta, no egoísmo que exige sempre condições e regras.

Preocupados com o Amor humano, psicólogos e filósofos até hoje se interessam, quase que exclusivamente, por essa forma lírica e dramática do Amor entre duas criaturas. A Psicanálise, nos primórdios da teoria freudiana, colocou o problema do Amor na dimensão do patológico. Em verdade, Freud teve de entrar no estudo e na pesquisa do Amor pelo subsolo da psicopatologia. O aspecto patológico é o mais dramático do Amor e o que mais toca o interesse humano. "O Amor é a força mais abstrata e, também, a mais poderosa que o mundo possui." (Mahtama Gandhi).

Em face dos conceitos espíritas, aprendemos que, nos albores de sua evolução, predominam no homem as cargas instintivas. Na medida em que avança na escala da evolução, surgem as sensações. Com o passar dos milênios, irrompem os sentimentos - ponto fundamental para o desabrochar do Amor. Isto posto, analisemos os sentimentos que advêm das tendências eletivas e o das afinidades familiares. Na primeira condição, estão as expressões complexas do desejo, do sensualismo; na outra situação, sedimentam-se a fraternidade e o enlevo conjugal, numa simbiose mágica, químio-eletro-magnética, na entranha do ser.

Na questão 938-a, de "O Livro dos Espíritos", aprendemos o seguinte: "A natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem". (3) O Amor deve ser o objetivo excelso no roteiro humano para a conquista da paz na sua expressão apoteótica. Porém, diversas vezes, o nosso sentimento é meramente desejar, e tão-somente com o "desejar", desfiguramos, instintivamente, os mais promissores projetos de vida.

Nos dias de hoje, fala-se e escreve-se muito sobre sexo e pouco sobre Amor. Certamente, porque esse sentimento não se deixa decifrar, repelindo toda tentativa de definição. Por isso, a poesia, campo mítico por excelência, encontra, na metáfora, a tradução melhor da paixão, como se esta fosse o Amor. O desenvolvimento dos centros urbanos criou a "síndrome da multidão solitária". As pessoas estão lado a lado, mas suas relações são de contigüidade.

A paixão é exclusivista, egoísta, dominadora, é predominantemente desejo. Para alguns pensadores, esse sentimento é a tentativa por capturar a consciência do outro, desenvolvendo uma forma possessiva, onde surge o ciúme e o desejo de domínio integral da pessoa "amada". O legítimo Amor é o convite para sair de si mesmo. Se a pessoa for muito centrada em si mesma, não será capaz de ouvir o apelo do outro. Isso supõe a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como ela é, e não como queiramos que ela seja. O Amor representa a liberdade, e não o psicótico sentimento de posse. É a lei de atração e de todas as harmonias conhecidas, sendo força inesgotável que se renova sem cessar e enriquece, ao mesmo tempo, quem dá e quem recebe.
Site: http://jorgehessen.net
FONTES:
(1) Cf. Aurélio - "Sentimento doloroso que as exigências de um Amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade fazem nascer em alguém". Receio de perder alguma coisa; cuidado, zelo (nesta acepção. é mais usado no plural)
(2) Cf. (Luís de Camões, Rimas, p. 135);
(3) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB ed. 2002, questão 983-a

Amor e ciúmes

A presença do ciúme no teu comportamento é sinal de desequilíbrio.
O ciúme jamais será o sal temperando o amor.
Desconfiança e insegurança significam a manifestação do ciúme.
Quando ele se introduz na afetividade altera a paisagem dando surgimento a pesadelos e perturbações prejudiciais.
Supera as insinuações ciumentas na tua conduta, amando com tranqüilidade e confiando em paz.
Se a pessoa amada não te corresponder à expectativa, segue adiante, porque o prejuízo é dela.
(Joanna de Ângelis)

CIÚMES NA VISÃO ESPÍRITA



O ciúme está envolvido com as nossas encarnações passadas e talvez seja uma perda muito grande que tivemos e por não querer perder de novo, vivemos inseguros achando que perderemos de novo assim como no passado. É como se fosse uma auto-defesa, uma tentativa de bloqueio a perdas futuras.
Talvez seja até alguma pessoa muito querida nossa que fugiu ou partiu com outro e por isso reencarnamos inseguros de tudo e de todos. Pode ser o caso de que estes ciumentos incontroláveis possam ter sidos suicidas que para não ficarem sozinhos e abandonados se suicidaram e agora tem que passar por tudo de novo para mostrar que estão recuperados.
O ciúme com certeza tem a ver com encarnações passadas e com grandes perdas e muita mágoa, porque hoje vemos que os ciumentos incontroláveis sofrem muito com uma simples "possibilidade" de perda, mesmo que seja coisa de sua mente, eles sofrem com essa situação, os ciumentos não agem assim por prazer por querer dominar, é uma coisa muito forte e pra eles é uma atitude muito correta e justa.
Lembrando que existe o ciumento movido pelo egoísmo, que não tem só ciúmes de pessoas, mas de objetos também e de tudo que outras pessoas possam vir a ter também. E tem os ciumentos que só sentem isso por determinada pessoa, como se fosse uma obsessão, onde pra esta pessoa só existe uma coisa importante neste mundo, a pessoa que eles tanto amam.
O tratamento a base de remédios pode ajudar, mas não de forma completa, já que é uma deficiência do espírito. Com isso a pessoa para tentar amenizar a situação, deve primeiro se reconhecer como uma pessoa ciumenta e a partir daí, buscar uma ajuda psicológica, onde algum
profissional desta área possa junto com o ciumento tentar achar um ponto de equilíbrio, ou até mesmo se for o caso da pessoa ser mais voltada ao lado espiritual,tentar fazer uma regressão por hipnose, pois é uma área que tem conseguido resultados fantásticos, feito está técnica por médicos espíritas e espiritualistas, onde a regressão deve ultrapassar o útero e alcançar encarnações passadas, para descobrir onde está o elo que ficou preso no tempo.
1) O ciúme é realmente o tempero do Amor? Por que?
R: Erradamente foi criada esta afirmação, ao meu modo de ver o ciúme não tem nada a ver com tempero nenhum, talvez seja o tempero da discórdia, das brigas, etc. Infelizmente as pessoas acham que quando demonstram ciúmes a pessoa amada fica feliz e se sente assim mais importante pro outro.
Acham erradamente que quem tem ciúmes do outro é porque ama, só que este ciúme que faz tão bem no início pode vir a ser um empecilho ao prosseguimento da felicidade.
2) O ciúme realmente acontece intensamente nos relacionamentos mal correspondidos, na visão de quem dá atenção somente para a beleza externa, desconhecendo o interior?
R: Não, isso é muito relativo e cada caso é um caso.
3) É verdade que "Quanto mais amor, muito menos ciúme. Quanto mais amor, é possível até não existir o ciúme."? Por que?
R: O amor em si, puro e verdadeiro, ou seja, diferente de muitos "amores" que existem por aí, é um sentimento que combate determinados erros nossos. Explicando melhor, o amor quando é verdadeiro não há espaço para coisas pequenas como o ciúme, porque ele como sentimento nobre, nos envolve de certa forma que fica quase impossível vivê-los ao mesmo tempo.
Podemos assim dizer que o ciúme é a falta ou o uso incorreto do amor.
4) É verdade que "Para haver ciúmes é preciso haver insegurança, falta de diálogo; no extremo, falta de tudo; especificamente, falta de uma decisão."? Por que?
R: Não, estes pontos descritos acima, são apenas conseqüências do ciúme, ou seja, desencadeados por ele. O ciúme vem acompanhado de diversas tendências que assumimos quando "aceitamos" o ciúme em nossas vidas (digo aceitar na forma de não lutar contra, pois isso pra mim é aceitar).
Portanto para mim, para haver o ciúmes é preciso que as pessoas propensas a este sentimento não lutem contra este mal, e assim a propensão aumenta ao ponto de começar-mos a tê-lo no nosso dia-a-dia.
5) O ciúme pode ser uma obsessão? Por que?
R: O ciúme na nossa visão de encarnados é uma obsessão, onde a falta de controle e certas atitudes exclusivas para com determinadas pessoas. Agora levando num outro sentido a palavra obsessão, no sentido espiritual, acho que a obsessão pode ser apenas um aliado para alimentar o ciúme, como um combustível, que só queima se a máquina o processar, ou seja, a obsessão pode sim estar por de trás de um ataque de ciúmes, mas na verdade é preciso muitas coisas acontecerem antes para que um obsessor venha a nos incomodar e nos incentivar no ciúme. Lutar contra o ciúme é o caminho para evitar este tipo de assédio.
6) O ciúme pode gerar uma depressão?
R: Certamente que sim, se não houver busca de tratamento por achar natural os atos de ciúme.
7) O ciúme refere-se simplesmente a casais? Ou pode ser estendido a relacionamentos outros, tipo: de amizade, profissional, de relacionamentos em geral?
R: O ciúme por ser proveniente do espírito, pode sim ser extensivo a demais pessoas, não tendo como base apenas casais, mas sim duas ou mais pessoas ligadas num mesmo passado próximo. Vemos isso muito bem num ciúme natural e muito forte entre certo pai ou mãe a determinado filho, onde apenas um filho é alvo deste ciúme além do comum. Ainda existem pais que tem mais ciúmes dos filhos do que de um para com o outro.
Fim.
Raimundo Pinheiro

Ciumes é desequilíbrio emocional


  
 
"Os ciumentos não precisam de causa para o ciúme: têm ciúme, nada mais. O ciúme é monstro que se gera em si mesmo e de si nasce" 
Willian Shakespeare, Otelo 
 
  
 
O ciúme é a inquietação mental causada por suspeita ou receio de rivalidade nos relacionamentos humanos. É uma distorção, um exagero, um desequilíbrio do sentimento de zelo. 
 
Adentrando na intimidade deste sentimento, vamos descobrir que ele é "medo", medo de algum dia ser dispensável à pessoa com a qual se relaciona; é o medo de ser abandonado, rejeitado ou menosprezado; medo de não mais ser importante; medo de não ser mais amado, enfim, é, de certa forma, medo da solidão. 
 
O psiquiatra e psicoterapeuta Eduardo Ferreira Santos, revela que tal sentimento é totalmente voltado para si mesmo, egocentrado no indivíduo, e por esta afirmação podemos entender o porquê da frase do personagem "lago", de Shakespeare, dizendo que o ciúme não precisa de causas exteriores, que se gera em si mesmo. 
 
Suas causas interiores, segundo Joanna de Ângelis, Espírito, são encontradas principalmente na insegurança psicológica, na baixa auto-estima, no orgulho avassalador que não suporta rivalidades, e no egoísmo, que ainda nos faz ver aqueles que estão à nossa volta como posses. 
 
O ser inseguro transfere para o outro a causa desta insegurança, dizendo-se vítima, quando apenas é escravo de idéias absurdas, fantasias, ilusões, criadas em sua mente, que ateia "incêndios em ocorrências imaginárias". 
 
Agravado este sentir leva a psicoses, a problemas neuropsiquiátricos, como diversos tipos de disritmias cerebrais, sendo causador de agressões físicas e crimes passionais. 
 
Além disso, não podemos esquecer que sua existência é sempre uma porta aberta para a obsessão, uma oportunidade de sermos influenciados por aqueles que desejam nosso mal. 
 
O ciúme é um sinal de alerta mostrando que algo não vai bem, que algo precisa ser reparado, repensado. Sua erradicação de nossos viveres somente será realizada com a análise íntima constante, com o vigiar dos pensamentos, dos atos, lembrando sempre que "ninguém é de ninguém", que não possuímos as pessoas, e que o verdadeiro amor LIBERTA e CONFIA. 
 
O ciúme "insegurança" precisa ser substituído pela CONFIANÇA "certeza", que é sim uma real prova de amor. 
 
  
 
Fonte: Jornal Mundo Espírita – Março/2001